O acumulado de chuvas que caiu sobre a região no início da primavera provoca consequências em estradas e pontes que se mantém até hoje. No Monte Bonito, na zona rural da cidade, ainda existem pontos em que travessias estão comprometidas, bloqueando o trânsito.
Um desses locais fica na Estrada dos Italianos, localidade Passo da Tatua, onde uma ponte de quase dez metros de comprimento teve as cabeceiras de areia levadas pela força da água. O volume somado à força da água causou também o desprendimento de parte do solo de um dos lados do córrego. O terreno é preenchido por bambus, cujo peso levou ao tombamento do pedaço de terra. Atravessado na sanga, a vegetação atrapalha o fluxo natural da água.
O agricultor Otávio dos Santos, 56 anos, vive ao lado do córrego. Mesmo assim, ele reservou a tarde desta quarta-feira (23) para tentar desobstruir a sanga, diante da previsão de chuvas da semana. Com a ajuda de uma machadinha, o homem limpava a vegetação. “A água ultrapassou a ponte, veio por cima e tombou os bambus, bloqueou o fluxo da água e piorou a situação. Abriu a cabeceira da ponte mais ainda. Ela já estava um pouco fraca antes”, conta.
Prazo e demanda
Além disso, ele revela que o prazo dado pela prefeitura para começar a manutenção do trecho foi o dia 27 deste mês, a depender das condições climáticas e da demanda por outras intervenções. “Só dizem que não tem verba, não tem dinheiro. Até agora, não veio ninguém arrumar a ponte. Tem cinco moradores aí para cima que não conseguem passar de volta. É um atalho muito bom, para cima a estrada é muito ruim”, expõe.
Medida de emergência
A alguns metros dali, na estrada principal, um trecho que perpassa a mesma sanga também ficou com as cabeceiras destruídas. Por comprometer o acesso de uma parte maior da comunidade, os moradores preferiram não esperar e refizeram a estrutura com as próprias mãos. “Nós éramos quatro pessoas. Com a ajuda do trator do vizinho fizemos as cabeceiras novas, com terra e pau nas pontas. A gente suspendeu a ponte e colocamos terra”, diz dos Santos.
Dono do maquinário agrícola e morador do lado que estava sem acesso, Sidnei Fonseca, 63 anos, admite que não teve outra alternativa a não ser fazer o conserto da travessia, importante no deslocamento de toda a colônia. “A prefeitura não está podendo atender tudo e a saída para o outro lado é intransitável. Não gostaram muito que mexemos nela, mas o que podemos fazer? Eu tenho produto para tirar e tudo mais”, alega Fonseca.
Como a reforma foi feita de maneira emergencial, uma placa “somente veículos leves” foi instalada antecedendo a ponte. No entanto, o aviso não impediu o trânsito de veículos de grande porte. “Não respeitam. Colocaram a placa muito perto da ponte. Caminhões e até tratores grandes chegam ali e não voltam”, lamenta.
A prefeitura de Pelotas foi questionado sobre o cronograma de manutenção de vias e pontes na zona rural da cidade, mas não respondeu até a última atualização desta matéria.