“Alimentar a alma, o corpo e o coração”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira25 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Alimentar a alma, o corpo e o coração”

Carla Cristina Iriart, 50, é diretora da ONG Alimentar, em Pelotas

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“Alimentar a alma, o corpo e o coração”
Nesta quarta, Dia Mundial da Alimentação, ela conta sobre o projeto que pretende enfrentar a insegurança alimentar. (Foto: Divulgação)

Carla Cristina Iriart, 50 anos, é diretora da ONG Alimentar, em Pelotas. Esta é uma instituição sem fins lucrativos que visa amparar pessoas em situação de rua, vulnerabilidade social e famílias carentes da cidade. O projeto contempla a distribuição de marmitas, pães, sucos, sobremesas, ração para os pets e roupas. A primeira ação aconteceu em dezembro de 2021, na pandemia. Em datas comemorativas, são realizadas ações especiais que contemplam até 300 pessoas. Desde então, todos os domingos a ONG atende 250 pessoas ao meio-dia no parque Dom Antônio Zattera.

Nesta quarta-feira (16), no Dia Mundial da Alimentação, a diretora conta mais sobre o projeto que pretende enfrentar a insegurança alimentar.

Como surgiu a iniciativa de fornecer marmitas para moradores em situação de rua?

A ONG visa assistir pessoas em situação de rua, em vulnerabilidade social e famílias carentes. Em dezembro de 2021, a Alimentar começou a entrega de alimentos e outras formas de assistência para as pessoas em situação de rua, as quais precisavam muito deste auxílio devido à deficiência de atendimento em locais e instituições aos domingos.

Você percebe um aumento na demanda por alimentação em Pelotas?

Sim, imensamente. Tanto do público em situação de rua, como das famílias carentes as quais atendemos.

Quais são os maiores desafios para garantir uma alimentação saudável para os moradores em situação de rua?

Primeiramente, é difícil garantir a alimentação dos moradores em situação de rua. Diariamente vemos muitas pessoas passando necessidade, até mexendo no lixo para buscar algo que sacie a fome. O sentimento de desespero inibe a consciência do que deveria ser uma alimentação saudável. Além disso, a vivência na rua é árdua e abre portas para vícios. Muitas vezes, a saúde deixa de ser uma preocupação por completo. É como se a sobrevivência fosse mais importante, e isso não está necessariamente atrelado a fatores nutricionais. O estado mental precário causado pelo sofrimento diário contribui enormemente para a falta desses cuidados.

Como as pessoas da comunidade podem contribuir para o trabalho da ONG?

Estamos sempre aceitando contribuições financeiras e doações de alimentos, já que arcamos com custos como o aluguel da nossa sede, onde confeccionamos marmitas, e a compra de insumos para as marmitas. A divulgação do nosso trabalho também é essencial para que mais pessoas possam se unir à causa. E para quem tiver curiosidade de conhecer as nossas ações mais de perto e vir trabalhar com a gente, estamos sempre de braços abertos.

Há o projeto de um refeitório na nova sede da ONG. Como isso pode impactar na alimentação das pessoas em situação de rua?

O refeitório que iremos construir tem como princípios a humanização, o amparo à fome e aos assistidos. Nossas marmitas são feitas com cuidado para que sejam sempre nutritivas e saborosas, mas oferecer a comida em pratos, em um ambiente acolhedor e confortável, proporciona uma experiência melhor e mais digna. Acreditamos que a contemplação desse projeto poderá atrair ainda mais pessoas, aumentando o nosso alcance na comunidade e, consequentemente, contribuindo para a redução da fome e de pessoas em situação de rua, através dos cuidados estruturais e evolutivos que oferecemos e para que possamos abraçar de forma mais completa a todos. Humanizar é dar sentido a vidas que há muito tempo estão à mercê da sorte, ou melhor falando, da falta dela. A Alimentar terá sempre como objetivo alimentar a alma, o corpo e o coração.

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