Mesmo faltando duas semanas para a Feira do Livro de Pelotas, os apaixonados pela leitura já têm oportunidade de mergulhar ainda mais no universo literário. O Clube de Leitura Ler Mulheres, projeto de extensão desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), é aberto ao público geral e se destaca como um espaço de discussão que promove a visibilidade de autoras e o debate da questão de gênero, valorizando a produção literária feminina e incentivando o olhar crítico sobre a sociedade.
O clube surgiu há quase dois anos, proposto pela diretora do Centro de Letras e Comunicação (CLC) da universidade, Vanessa Damasceno. Ela revela como foi o processo de estruturação a partir de um desejo pessoal. “Foi uma motivação minha, enquanto mulher e professora, que sempre tive os livros como companheiros desde a adolescência. Eu levei o desejo para dentro do CLC para juntos construirmos um clube de leituras”, conta a coordenadora.
Importância da discussão
Ainda que os avanços em relação à equidade de gênero na literatura estejam ocorrendo, Vanessa acredita que o tema precisa continuar sendo abordado, pois há um longo caminho a percorrer. Por exemplo, de 117 edições do Prêmio Nobel de Literatura, apenas 16 foram conquistadas por mulheres. Frente a uma realidade de desigualdade, a iniciativa tem ajudado a abrir os olhos do mercado editorial nos últimos anos.
“Ler mulheres é o eixo do clube por novas oportunidades de conhecimentos, para a gente escutar o olhar delas sobre temáticas que muitas vezes foram escritas por homens. E para saber o que pensa e como se exprime metade da população mundial, que são as mulheres. Se estamos em busca de mais mulheres em todos os espaços, na política, no institucional, nas profissões, é necessário lermos mulheres”, justifica.
Leitura para todos
A servidora da UFPel e estudante de pós-graduação, Carla Machado, participa do clube desde o primeiro encontro e considera a atividade a que mais lhe moveu positivamente. “Pelas leituras sugeridas, livros escritos por mulheres incríveis que nos fazem viajar e conhecer a realidade de outras culturas, expandindo nossa visão de mundo, com empatia e sororidade”, declara.
Representante da comunidade dentro do clube, Marina Martins, 39 anos, também participa desde o princípio. Ela entende que os debates reafirmam a contundência da escrita feminina. “Se lê poucas mulheres não pela qualidade das obras, mas por outras questões que não dizem respeito à literatura”, destaca Marina. “Foi incrível conhecer tantas autoras que eu não fazia ideia que existiam e foi muito difícil não se relacionar com as obras”, afirma.