O Dia do Professor, celebrado nesta terça-feira (15), vem com mensagens de carinho, respeito e reconhecimento. Mas, mais do que isso, precisa vir com valorização. Os profissionais da educação trabalham historicamente com baixos salários, infraestrutura longe da adequada e sobrecarga. O glamour que o dia traz vai na contramão da constante luta por qualificar o ambiente de trabalho e, de quebra, a base de formação intelectual de toda nossa sociedade. Muito é colocado no colo dos professores, mas pouco lhes é oferecido para que alcancem os objetivos de construir pessoas melhores.
Um ponto fundamental parte justamente da expectativa pelos objetivos. Uma frase clichê é que a educação vem de casa. Tratar o professor como o responsável por ensinar valores que deveriam vir de pais e responsáveis é um tanto injusto. Com turmas muitas vezes superlotadas no ensino público, como cobrar o aprofundamento de relações e ainda o ensino? Por mais que professores sejam influentes na formação intelectual de seus alunos, a base precisa vir de casa.
A matéria da repórter Cíntia Piegas mostra que muitos professores lidam ainda com desafios estruturais, especialmente no contexto do pós-enchente. Esse é um outro ponto básico para que a escola funcione como propulsor intelectual: como o estudante vai aprender se o local não é apropriado, ou não oferece materiais e estruturas que entreguem o que o profissional precisa para lecionar? A culpa disso é exclusiva dos governantes e lideranças políticas que, embora sempre coloquem a educação como prioridade, deixaram a situação chegar a casos extremos como os vistos diariamente.
Muito além de destacar o heroísmo dos profissionais da educação, hoje é dia para cobrar sua valorização. Educação se faz com salários justos, carga de trabalho digna e estrutura adequada. Sem isso, realmente, precisam ser heróis para, ainda assim, ajudar a formar cidadãos. O heroísmo, no entanto, vem com sobrecarga e pitadas de injustiças. O sonho é que isso deixe de ser assim. Vamos torcer e cobrar. Até lá, parabéns, heróis!