Novo álbum de Vitor Ramil traz canções criadas a partir de poemas de Leminski
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira21 de Novembro de 2024

Música

Novo álbum de Vitor Ramil traz canções criadas a partir de poemas de Leminski

Mantra concreto, que chegou às plataformas de streaming nesta semana, começou a surgir em 2021

Por

Novo álbum de Vitor Ramil traz canções criadas a partir de poemas de Leminski
Músico diz que poesia do curitibano tem o poder comunicativo da letra de música (Foto: Marcelo Soares - Imagem de Leminski por Dico Kremer)

Mantra concreto, novo álbum de Vitor Ramil, lançado quinta-feira, chega ao público através do selo do artista. A obra com 13 composições surge a partir da poesia do curitibano Paulo Leminski (1944-1989), musicadas pelo artista durante a pandemia, em 2021. Depois de lançar o single Amar você há pouco mais de 15 dias, o projeto completo pode ser encontrado nas plataformas de streaming. 

Musicar poemas de Leminski e construir um álbum coeso não estava nos planos de Ramil, há três anos, especialmente porque ele tinha acabado de gravar Avenida Angélica, no qual ele traz canções criadas também com a obra poética da poetisa pelotense Angélica Freitas. Mas foi só começar a reler Leminski que algo incontrolável aconteceu. “Passei a mão no violão e nem pensei muito, simplesmente saí compondo. Fiz uma música, no outro dia fiz outra e no outro dia, outra. Comecei a fazer músicas em série. Impressionante. Foi um pequeno surto de Paulo Leminski”, brinca Ramil. 

Ao final de três semanas o músico tinha treze canções prontas, algo que para ele foi inédito. Anos antes já tinha musicado O velho León e Natália em Coyoacán e Uma carta uma brasa através. Então eram 15 composições, número perfeito para estruturar o álbum. “Claro, de repente tu tens 15 canções, que ficaram muito fortes, claro comecei a pensar em registrar. Essas coisas a gente não resiste”, conta.

Coincidentemente a obra chega no ano em que Leminski completaria 80 anos. No álbum estão as canções: De repente, Teu vulto, Administério, Amar você, Profissão de febre, Palavra minha, Um bom poema, Anfíbios, Será quase, Sujeito indireto, Minifesto, Caricatura e Mantra concreto.

Fã da obra de Leminski, Ramil conta que sempre achou um poeta inspirador. O pelotense chegou a tentar conhecer Leminski, mas não foi possível.  “Leminski é um cara que transita entre a alta cultura e o pop, eu também circulo entre o mundo da literatura, da poesia e da canção popular. Tem muita sofisticação no que ele faz, eu acho isso bárbaro, e, ao mesmo tempo, tem o poder comunicativo da letra de música. Para um compositor é uma maravilha se deparar com a poesia dele, uma poesia feita pra cantar.”

Graves profundos 

Apesar de ter coordenado as gravações de Pelotas, até que estivesse quase 60% do trabalho feito, Ramil relembra que o processo de construção do álbum foi bem minucioso. O grupo de instrumentistas é formado por velhos conhecidos de Ramil, com quem o artista tem bastante afinidade musical e trabalhou em outros álbuns. “Foi um trabalho feito com muito critério, tentando respeitar a poesia do Paulo Leminski e o jeito como ele funcionava como artista. Ele era um cara transgressor e o disco é bastante transgressor em muitos aspectos”, diz.

Os músicos convidados, André Gomes (sitar, guitarra), Carlos Moscardini (violão), Santiago Vazquez (kalimba) e Toninho Horta (guitarra) estavam, respectivamente, em São Paulo, Argentina, Uruguai e Belo Horizonte. Vagner Cunha (violino), José Milton Vieira (trombone) e Pablo Schinke (violoncelo) estavam em Porto Alegre. 

Porém a sonoridade do álbum tem a base extraída da participação de Edu Martins, no synth bass, que gravou em Porto Alegre, e Alexandre Fonseca, tablas e bateria, no Rio de Janeiro. “Eu fui trabalhando com eles, primeiro com o Alexandre num longo período, buscando uma linguagem que fosse original, que saísse do convencional, que é sempre como eu começo a abordar minhas músicas”, comenta. 

Depois de um bom caminho andado, Ramil pensou que gostaria de ter neste trabalho o som de um synth bass, inédito na sua obra. O baixo sintetizador trouxe mais profundidade aos graves da obra. “Achei que iria somar muito bem com meus violões”, conta. 

Construtivismo russo

Seguindo um desejo de Ramil, de trabalhar com o construtivismo russo, o designer Felipe Taborda apresenta uma capa inspirada no cartaz icônico Livros, do artista russo Alexander Rodchenko e do poeta Vladimir Maiakovski. “Ele foi direto numa peça icônica, é a cara do som e dos poemas também”, comenta Vitor Ramil. 

A produção de Mantra Concreto é de Vitor Ramil, Alexandre Fonseca e Edu Martins, com gravação de Lauro Maia, mixagem de Moogie Canazio e masterização de André Dias. 

 

Acompanhe
nossas
redes sociais