Natural de Porto Alegre, Flávia Coelho de Souza, 66 anos, começou a trabalhar com modelagem na década de 1990, com esculturas em cerâmica. Em 2007, através do Sebrae, participou de uma oficina na cidade de Rio Grande, onde foi criado o projeto Bichos do Mar de Dentro. O objetivo era criar conscientização ambiental e a preservação da natureza. Desde então, produz aves silvestres e ameaçadas de extinção, em porcelana fria, acompanhada do marido, em São Lourenço do Sul.
Como é o processo de produção de itens desse tipo?
Hoje trabalho em casa, no meu atelier, junto com meu marido, Carlinhos, que faz a parte da madeira dos artefatos. Minha atribuição é trabalhar com a modelagem dos bichinhos em porcelana fria e papel machê. Primeiro modelo as peças, depois eu espero secar, coloco os arames, que são as pernas dos animais, e por fim pinto e monto as peças. Nós recebemos muitas encomendas e vamos às feiras também.
Você considera esse trabalho desafiador?
Até hoje não tive nenhum projeto desafiador. Para fazer as espécies, eu pesquiso no Google. Através das imagens das aves, eu produzo os bichinhos. As aves que eu mais faço são cardeais, saíra-sete-cores, garças, quero-queros. Entre os mamíferos, é só a capivara que faço. Gosto mesmo de modelar as aves, de qualquer tipo. Inclusive já fizemos vários trabalhos para fora do Rio Grande do Sul. Já mandamos para o Rio de Janeiro, São Paulo e também Minas Gerais.
Como foi o processo de sair da associação e abrir o próprio negócio?
Inicialmente eram apenas espécies com risco de extinção. Fiquei um bom tempo trabalhando exclusivamente com isso. Hoje está mais abrangente. Fizemos uma associação depois, com o Sebrae sempre em pano de fundo. Elaboramos muitas oficinas de criação com pássaros em extinção e outros não. A verdade é que sempre gostei desse trabalho. Em 2022, a gente saiu da associação e criou a nossa marca Flajoke, e continuamos trabalhando até hoje.
Como essa arte pode ajudar a conscientizar a população?
Essa arte ajuda as pessoas a conhecerem algumas espécies ameaçadas de extinção e isso impacta diretamente na preservação desses animais, pois boa parte da população não tem conhecimento ou nunca teve oportunidade de ver de perto.