Homens compõem 82% do Legislativo na Zona Sul
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira5 de Fevereiro de 2025

Eleições 2024

Homens compõem 82% do Legislativo na Zona Sul

Candidatos autodeclarados negros ou indígenas representam apenas 10% dos eleitos na região

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Homens compõem 82% do Legislativo na Zona Sul
Em Pelotas, onde atualmente cinco mulheres compõem a legislatura, a partir do ano que vem serão apenas três. (Foto: Fernanda Tarnac)

A Zona Sul elegeu, majoritariamente, homens brancos aos cargos do legislativo. Os homens representam 82% dos eleitos, enquanto apenas 10% são pardos, pretos ou indígenas, de acordo com a autodeclaração dos candidatos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O número de vereadoras caiu em relação a 2020, quando 45 mulheres foram eleitas ao Legislativo na região; neste ano, foram 43. Em Pelotas, onde atualmente cinco mulheres compõem a legislatura, a partir do ano que vem serão apenas três: Fernanda Miranda (PSOL), Marisa Schwarzer (PSDB) e Miriam Marroni (PT) se reelegeram. Carla Cassais (PT) e Cristina Oliveira (PSB) não renovaram os mandatos.

Dos 243 vereadores que a região elegeu, apenas 24 se autodeclararam negros. Há apenas um indígena, Renato Póvoa, no Capão do Leão. Todos os demais se autodeclararam brancos.

Herval, Piratini e Santana da Boa Vista são os três municípios em que 100% da câmara será formada por homens brancos. A câmara que terá maior representatividade feminina será a do Chuí, com quatro vereadoras, e a com maior representatividade negra será em Candiota e Rio Grande, com quatro parlamentares.

Outra minoria que terá representação pequena, quase nula, é de LGBTQIA+. Apenas cinco eleitos se autodeclararam neste sentido: dois gays, uma lésbica, um bissexual e uma mulher transgênero.

No executivo, a região mantém duas mulheres como prefeitas: em Pedras Altas elegeu-se Veca (PP) e em Rio Grande, Darlene Pereira (PT). Atualmente, Paula Mascarenhas (PSDB) e Fabiany Roig (UB) governam Pelotas e São José do Norte, respectivamente; ambas não se candidataram porque estão em segundo mandato.

João Victor Larrosa (PT), político que atua na pauta LGBTQIA+

Atuou na militância política estudantil, liderou manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff e presidiu escola de samba na cidade. Após trabalhar em campanhas petistas, reelegeu-se vereador em Arroio Grande, sendo o terceiro mais votado no município.

“Avalio essa baixa representatividade na região como um sintoma dos partidos e das pautas de discussão na região. Os partidos de esquerda e centro-esquerda, que geralmente abraçam essas causas de representatividade LGBTQIA+, encolheram na região, embora tenha crescido um pouco após a eleição do Lula, mas ainda timidamente”, avalia Larrosa, que se autodeclarou gay ao TSE.

Thyzyu (PDT), vereador negro reeleito em Capão do Leão

Foi o mais votado da história do município nesta eleição. Thyzyu presidiu o Legislativo do município em 2022, e declara que os negros enfrentam maior desconfiança do que os brancos quando ocupam cargos públicos.

“Os negros enfrentam um desafio grande na política. A gente não pode errar, porque o nosso erro é muito mais dimensionado do que o de um branco. Somos um alvo muito maior, o erro de um branco passa despercebido muitas vezes”, argumenta.

Fernanda Miranda (PSOL), vereadora que atua na causa feminista

Pelo segundo pleito consecutivo, foi a parlamentar mais votada em Pelotas: 5.885 em 2024. A vereadora cumprirá o terceiro mandato no legislativo pelotense; atuou, nos últimos oito anos, como figura destacada de oposição à prefeitura.

“A gente ficou contente com a votação expressiva de um mandato feminista, que leva pautas tabus à câmara, faz enfrentamento contra o machismo e a violência de gênero, e [atua em] temáticas de contexto geral da população, sem conchavos e CCs na prefeitura, [que faz] um trabalho árduo com a militância”, diz Fernanda.

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