A Zona Sul elegeu, majoritariamente, homens brancos aos cargos do legislativo. Os homens representam 82% dos eleitos, enquanto apenas 10% são pardos, pretos ou indígenas, de acordo com a autodeclaração dos candidatos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O número de vereadoras caiu em relação a 2020, quando 45 mulheres foram eleitas ao Legislativo na região; neste ano, foram 43. Em Pelotas, onde atualmente cinco mulheres compõem a legislatura, a partir do ano que vem serão apenas três: Fernanda Miranda (PSOL), Marisa Schwarzer (PSDB) e Miriam Marroni (PT) se reelegeram. Carla Cassais (PT) e Cristina Oliveira (PSB) não renovaram os mandatos.
Dos 243 vereadores que a região elegeu, apenas 24 se autodeclararam negros. Há apenas um indígena, Renato Póvoa, no Capão do Leão. Todos os demais se autodeclararam brancos.
Herval, Piratini e Santana da Boa Vista são os três municípios em que 100% da câmara será formada por homens brancos. A câmara que terá maior representatividade feminina será a do Chuí, com quatro vereadoras, e a com maior representatividade negra será em Candiota e Rio Grande, com quatro parlamentares.
Outra minoria que terá representação pequena, quase nula, é de LGBTQIA+. Apenas cinco eleitos se autodeclararam neste sentido: dois gays, uma lésbica, um bissexual e uma mulher transgênero.
No executivo, a região mantém duas mulheres como prefeitas: em Pedras Altas elegeu-se Veca (PP) e em Rio Grande, Darlene Pereira (PT). Atualmente, Paula Mascarenhas (PSDB) e Fabiany Roig (UB) governam Pelotas e São José do Norte, respectivamente; ambas não se candidataram porque estão em segundo mandato.
João Victor Larrosa (PT), político que atua na pauta LGBTQIA+
Atuou na militância política estudantil, liderou manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff e presidiu escola de samba na cidade. Após trabalhar em campanhas petistas, reelegeu-se vereador em Arroio Grande, sendo o terceiro mais votado no município.
“Avalio essa baixa representatividade na região como um sintoma dos partidos e das pautas de discussão na região. Os partidos de esquerda e centro-esquerda, que geralmente abraçam essas causas de representatividade LGBTQIA+, encolheram na região, embora tenha crescido um pouco após a eleição do Lula, mas ainda timidamente”, avalia Larrosa, que se autodeclarou gay ao TSE.
Thyzyu (PDT), vereador negro reeleito em Capão do Leão
Foi o mais votado da história do município nesta eleição. Thyzyu presidiu o Legislativo do município em 2022, e declara que os negros enfrentam maior desconfiança do que os brancos quando ocupam cargos públicos.
“Os negros enfrentam um desafio grande na política. A gente não pode errar, porque o nosso erro é muito mais dimensionado do que o de um branco. Somos um alvo muito maior, o erro de um branco passa despercebido muitas vezes”, argumenta.
Fernanda Miranda (PSOL), vereadora que atua na causa feminista
Pelo segundo pleito consecutivo, foi a parlamentar mais votada em Pelotas: 5.885 em 2024. A vereadora cumprirá o terceiro mandato no legislativo pelotense; atuou, nos últimos oito anos, como figura destacada de oposição à prefeitura.
“A gente ficou contente com a votação expressiva de um mandato feminista, que leva pautas tabus à câmara, faz enfrentamento contra o machismo e a violência de gênero, e [atua em] temáticas de contexto geral da população, sem conchavos e CCs na prefeitura, [que faz] um trabalho árduo com a militância”, diz Fernanda.