A proposta de análise e georreferenciamento da arborização de Rio Grande, executada por meio do ProArbo, segue avançando. Mesmo com o trabalho de campo paralisado durante o período de enchentes no mês de maio, nos últimos dias a equipe do projeto alcançou a marca de dez mil árvores cadastradas.
Dos últimos dois mil indivíduos registrados e processados, cerca de mil eram da Vila Militar. O restante é composto por árvores do Cassino, onde a equipe tem concentrado sua atuação na última semana, utilizando a sede do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema) como base de apoio.
A coleta de dados no balneário iniciou nas imediações da sede do Nema, na área lateral do Cassino, seguindo pelas Avenidas Beira Mar, Atlântica e ruas adjacentes. Nesses trechos foram encontrados muitos exemplares de Jerivás e Aroeiras, plantas nativas, e Espirradeiras, espécie exótica. Também foram observados grandes quantidades de ninhos de aves.
Para o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Pedro Fruet, o resultado já alcançado até aqui é um marco para qualificação do planejamento de políticas públicas com relação à arborização. “Nós estamos atingindo a marca de dez mil árvores cadastradas sobre as quais temos o diagnóstico da saúde e como elas estão posicionadas em relação à disposição dos mobiliários urbanos existentes. Ou seja, temos um diagnóstico sobre a diversidade e saúde das árvores, se possuem algum tipo de conflito e se necessitam de intervenção para melhorar sua saúde e reduzir riscos de acidentes. E toda essa base de dados contida neste inventário que hoje conta com dez mil árvores, tudo isso vai ser usado para que a gente possa fazer o planejamento da arborização urbana da cidade. É uma entrega que será usada por muitos anos para o planejamento e gerenciamento das nossas árvores”, afirmou.
O secretário acrescenta que esse planejamento visa melhorar diversos aspectos relacionados aos serviços que as árvores prestam para a comunidade, como a questão de redução de calor, do paisagismo, valor histórico e também sobre como incrementar a capacidade da arborização para enriquecer a biodiversidade. Nesse sentido, ele comenta a importância das árvores “como potencial atratores de biodiversidade, e de prestação de serviços para melhorar a vida das pessoas, como regulação térmica e purificação do ar, além de ajudar na captura e estoque de carbono para lidar com as mudanças climáticas”.
Cenário constatado até o momento
Na última semana, a equipe liderada pelo professor Paulo Roberto Grolli, do Curso de Agronomia da UFPel, apresentou, em reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), um compilado das ações realizadas entre fevereiro de 2023 a junho de 2024. No período, a equipe percorreu os bairros Centro, Cidade Nova, Navegantes, Lar Gaúcho, Salgado Filho, Vila Militar e Avenida Rio Grande no Balneário Cassino.
No total, já são quase 10,5 mil indivíduos catalogados, entre os quais foram identificadas 169 espécies botânicas, 133 gêneros distribuídos dentro de 58 famílias, além de 336 árvores mortas. A maior parte encontra-se na fase adulta de desenvolvimento e é de grande porte. O estudo também revela a predominância de espécies exóticas, representando 67% da vegetação.
No geral, a maioria das plantas apresenta bom estado, com cerca de 60% dos indivíduos classificados como saudáveis e 40% dos exemplares em estado regular, ruim ou péssimo. Entretanto, a análise demonstra que, 50% dos exemplares necessitam de algum tipo de intervenção, desde podas de limpeza até uma poda mais drástica.
O problema mais recorrente é a presença de doenças, principalmente fungos de apodrecimento, seguido por pragas como cupins, brocas, formigas, cochonilhas e tripes, o que aumenta a necessidade de manejo da vegetação. Além disso, 24% dos exemplares arbóreos estão infestados com ervas-de-passarinho.