“Quando uma criança descobre o prazer da leitura, ela descobre o mundo”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira26 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Quando uma criança descobre o prazer da leitura, ela descobre o mundo”

Cleia Leoni Dröse, 69, é sócia fundadora do Centro de Escritores Lourencianos

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“Quando uma criança descobre o prazer da leitura, ela descobre o mundo”
Autora publicou 18 livros e dedica-se a inserir crianças e jovens na literatura. (Foto: Divulgação)

Cleia Leoni Dröse completa 70 anos no início de novembro. Formada em licenciatura plena em pedagogia pela UFPel, exerceu a docência por 40 anos, publicando seu primeiro texto literário há quase três décadas. Atualmente, é autora de 18 livros (entre poesia, contos, romances), além de participar em obras coletivas e entidades literárias, com publicações em vários países, em português e em espanhol. É sócia fundadora do Centro de Escritores Lourencianos (CEL), sendo secretária na primeira gestão (1996-1998) e presidente da entidade por três mandatos. Ainda hoje, dedica-se a inserir crianças e jovens no universo literário, acreditando que a literatura pode elevar a autoestima e proporcionar o crescimento intelectual e psicossocial dos participantes.

Qual foi o estímulo para a fundação do CEL?

À época, a coordenadoria de cultura promovia concursos literários. Assim, sabia-se que havia interesse dos lourencianos pela escrita literária. Diante disso, a coordenadora Soleni Peres Heiden reuniu um grupo de pessoas interessadas para organizar a nova entidade. Por já ter havido uma difícil experiência anterior, optaram por criar um centro de escritores desvinculado do poder público. E nestes moldes foi redigido o estatuto do CEL.

Até hoje, quais foram os principais benefícios que o CEL trouxe para a comunidade?

Nestes quase 28 anos, o CEL, através de seus associados, realizou muitas oficinas literárias e palestras de incentivo à leitura e escrita nas escolas do município. Alunos vivenciaram a experiência de terem textos publicados, quer em projetos específicos (“Os Heróis que nos Habitam”, “Nossa Gente”, “Nossas Histórias”, “Uma Visita ao Sítio do Picapau Amarelo”), quer nas antologias anuais através de textos selecionados em concursos. Até hoje, alguns destes jovens participantes expressam o quanto foi importante essa oportunidade que, em alguns casos, redirecionou a vida deles. Além disso, através das publicações e de intercâmbio literário, o CEL levou o nome de São Lourenço do Sul para todo o país e também além-fronteiras.

O que faz você acreditar na literatura como agente de crescimento pessoal?

Quando uma criança ou um adolescente lê e descobre o prazer da leitura, ela descobre também o mundo. O mundo exterior e o mundo interior, de sua mente, pois a leitura mais que outros recursos nos permite imaginar o cenário, os acontecimentos, as situações. Ao imaginar, exercitamos nossa mente. “Recriamos” de certa forma o que lemos. Por outro lado, a oportunidade de publicar algo por nós escrito faz com que nos sintamos fortes, importantes, quase heróis. A autoestima melhora. É muito gratificante ver o brilho no olhar deles com a obra impressa em mãos.

Como você vê a evolução da literatura voltada para crianças e jovens nos dias de hoje? Quais são os principais desafios e oportunidades?

Este é um público exigente e escrever para crianças e jovens é um desafio enorme. Nossas crianças e jovens hoje têm uma gama imensa de informações, nem sempre úteis e nem sempre assimiladas por eles. É difícil surpreendê-los com algo que lhes desperte o interesse, pois tudo já está posto, veiculado pelas mídias imediatas. Talvez o maior desafio seja competir com a tecnologia disponível e nem sempre utilizada da melhor forma. Por outro lado, eles estão em busca de algo que os desafie, que lhes permita interagir. Ou que lhes traga aquela sensação de identificação com o que lê. O autor que consegue entender isso tem chance de ser aceito e valorizado por um público específico.

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