Na última semana, três pessoas registraram boletim de ocorrência por terem sido vítimas de roubo a pedestre. Em apenas um dia na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) havia dez de estelionatos, dos quais a maioria das vítimas não tinha uma arma apontada, não foi ameaçada nem teve os pertences arrancados, mas os prejuízos financeiros ultrapassam os daqueles que foram assaltados.
Em quatro anos, o número de registros de estelionato cresceu 115,16% em Pelotas. Nesse mesmo período, o roubo (que inclui pedestre, a residência e estabelecimentos comerciais) diminuiu 54,58%. Para as autoridades da área de segurança pública, a relação entre o aumento de um tipo de crime e a redução de outro não está descartada.
“Pode haver essa possibilidade, até porque a exposição do autor é menor”, diz o titular da 18ª Delegacia Regional de Polícia Civil, delegado Márcio Steffens. O comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4ºBPM), tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, garante que a Brigada Militar tem trabalho forte nas ações de ostensividade, análise criminal e operações patrulhas e colocando o policiamento nos locais de incidência criminal com vistas na redução dos indicadores.
O coordenador da DPPA e delegado de polícia do Capão do Leão, Sandro Bandeira, explica que essa diminuição dos roubos é uma constatação. “As novas gerações são virtuais. Então nas fraudes o risco é menor para os criminosos”, justifica. Para ele, os furtos estão mais ligados aos usuários de drogas, tanto que a redução desse tipo de delito entre 2019 e 2023 em Pelotas foi de apenas 5,4%.
Bandeira lembra que o registro na Delegacia de Pronto Atendimento ou online é importante até como forma de o Poder Público prever formas de frear esse avanço, seja com novas leis ou aumento da cybersegurança. “Para nós é fundamental, pois assim ficamos sabendo os tipos de golpes e podemos planejar operações no combate”.
Um exemplo da constatação feita pelo delegado está nos dados do Pacto Pelotas pela Paz. De janeiro a agosto de 2017 foram 2.415 roubos a pedestres na cidade. Neste mesmo período, porém sete anos depois, esse indicador reduziu para 394. Ou seja, uma queda de 83,68%. Para a secretária municipal de Segurança, Cíntia Aires, a redução dos roubos e furtos está diretamente relacionada com as ações de prevenção e de resposta ao cometimento de crimes.
Alerta virtual
O engenheiro de computação e professor da UniSenac Pelotas, Wagner Loch, lembra que hoje praticamente tudo está digitalizado. Dados pessoais, meios de pagamentos, preferências de compras, históricos. Informações importantes e valiosas. “Quem nunca pesquisou algo e na sequência passou a receber publicidade sobre o item pesquisado? Este é um tipo de informação extremamente valiosa para as empresas”, exemplifica.
Por outro lado, as redes podem ser usadas para fins ilícitos, como por exemplo, solicitar um empréstimo bancário em nome de uma pessoa. “As informações que confiamos em nossos sistemas podem ser utilizadas por terceiros e por isso as ferramentas digitais são um atrativo para criminosos. Cabe aos administradores e responsáveis pelos sistemas manter os dados em segurança”, destaca.
