O governo do Estado errou feio na quarta-feira ao divulgar que duas barragens de Pelotas estavam em situação de emergência com “risco de ruptura iminente”. O fato é que dois açudes na Vila Jacottet corriam o risco de romper e afetar os moradores do entorno. Felizmente, a situação foi contida pelo poder público.
Mesmo que, tecnicamente, açudes possam ser considerados barragens, não é essa a primeira imagem que vem à mente. Em Pelotas, quando falamos de barragem, lembramos imediatamente da Santa Bárbara, que, caso rompesse, causaria estragos inimagináveis. Segundo o Sanep, o volume estimado da barragem é de 10 bilhões de litros de água.
A notícia repercutiu nacionalmente. Ao darmos um google em “barragem Pelotas”, uma das primeiras notícias de uma revista nacional faz justamente a confusão de usar uma imagem da Santa Bárbara.
Num país que passou pelas tragédias de Mariana e Brumadinho e num estado que passou pela tragédia de maio, é preciso ser mais responsável na forma com que as informações são repassadas.
Quem está na posição de informar e proteger a população tem a obrigação de entender que informações verdadeiras sem o contexto adequado têm o poder de gerar desinformação e causar pânico.
É preciso respeitar o trauma pelo qual as pessoas passaram em maio. Crises climáticas serão cada vez mais frequentes, e comunicar com eficiência e sem sensacionalismo é fundamental para sustentar a credibilidade do poder público e da imprensa profissional. O Rio Grande do Sul não pode ter o privilégio de errar.