Uma expedição científica realizada em toda a costa brasileira revelou que o Hermenegildo e a Barra do Chuí, em Santa Vitória do Palmar, estão entre as cinco praias mais limpas do país. Idealizado pela organização de conservação marinha Sea Shepherd Brasil em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP, o estudo percorreu mais de sete mil quilômetros do litoral para mapear a poluição por plásticos e outros resíduos.
No levantamento com 306 praias analisadas, os dois balneários ficaram entre as localidades que têm os menores índices de contaminação por plástico e micro resíduos na água. Foram encontrados somente 0,02 de densidade de macro plásticos e 0,03 de macro resíduos por metro quadrado. Em comparação, Pantâno do Sul, em Florianópolis (SC), que apresentou os maiores níveis poluição do país, os mesmos índices avaliados mostraram concentração foram 144 e 17, respectivamente.
Já a vizinha praia do Cassino, em Rio Grande, apesar de não figurar entre as mais contaminadas, tem índices de poluição bem superiores ao Hermenegildo e à Barra do Chuí. No balneário rio-grandino foram registrados 0,11 macro resíduos e 3,00 micro resíduos por metro quadrado. Em São José do Norte, 0,67 micro resíduos plásticos foram identificados.
Vigilância na preservação
Cercada pela natureza de aparência intocável, Santa Vitória tem atraído cada vez mais turistas para curtir as orlas das praias e aventureiros que buscam se desafiar nas partes mais inóspitas das faixas de areia. Para manter a preservação do meio ambiente e da biodiversidade local, o município impõe uma série de regras que devem ser seguidas pelos visitantes.
“Temos uma resolução que define regras principalmente para eventos de veículos que passam por aqui, é cobrada a contrapartida de limpeza de lixo, por exemplo”, afirma o assessor de turismo, Giovani Leão. Para cuidar dos 152 quilômetros de costa, a prefeitura possui camionetes tracionadas que atuam na vigilância e na limpeza da orla. “Somos um município defensor do meio ambiente e buscamos sempre um turismo sustentável”.
Os resultados
Foram analisados na pesquisa 72 mil macro resíduos e 16 mil microplásticos. Desse total, 91% dos itens encontrados nas praias são plástico e 97% das praias do Brasil têm microplástico. De todo o plástico identificado, 61% eram de uso único, como tampas de garrafa; 22% têm vida longa, como plásticos duros; e 17% são apetrechos de pesca, como linhas de nylon. Além disso, 20% de todo o plástico são fragmentos não reconhecidos de plástico de alta densidade, que são materiais de alta reciclabilidade.
O Sul se destaca com uma quantidade muito maior de microplásticos (pequenos fragmentos de plástico) em comparação com outras regiões. De acordo com os pesquisadores, o grande problema dos micro resíduos é a maior facilidade para entrar nos animais e adentrar nas cadeias alimentares.
Além disso, um em cada dez itens encontrados na costa brasileira são apetrechos de pesca. Mas o Rio Grande do Sul tem três vezes mais apetrechos de pesca do que a média nacional.