O Banco Central divulgou nesta semana uma análise sobre o mercado dos jogos de azar e apostas no Brasil. Segundo o documento, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família desembolsaram R$ 3 bilhões em apostas somente em agosto. No total, R$ 20,8 bilhões foram apostados pelos brasileiros somente em agosto.
Mesmo que boa parte dos jogadores sejam apostadores casuais, que não chegam a comprometer sua renda, estamos diante de uma bomba-relógio que afeta toda a economia. Na terça-feira, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou um estudo apontando que as apostas têm um potencial de reduzir em até 11,2% a atividade varejista.
Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 63% dos entrevistados tiveram parte de sua renda comprometida pelas apostas, 23% deixaram de comprar roupas, 19% de comprar em supermercados e 11% deixaram de pagar contas.
Além disso, como o noticiário nacional das últimas semanas tem demonstrado, há margem para usar as bets para lavagem de dinheiro de origem criminosa. Há ainda quem proponha que, na esteira da regulamentação das apostas online, se legalize até o jogo do bicho.
Também é iminente uma grave crise de saúde pública, que vai desde o tratamento do vício em apostas até outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, em razão do endividamento.
É ingênuo, porém, achar que a alternativa para esses problemas seja partir para o proibicionismo. Aprovada no ano passado a legalização das bets, é necessário agora garantir que haja uma regulamentação forte, que dificulte as apostas desenfreadas e evite o comprometimento da renda das pessoas. É uma questão de proteger a saúde física, mental e financeira dos indivíduos, mas também de preservar a economia para toda a sociedade.