O número de eleitores idosos, com mais de 60 anos, cresceu 14% em Pelotas, passando de 60.846 nas eleições municipais de 2020 para 69.461 este ano. O eleitorado dessa faixa etária representa 27,9% do total de 248 mil eleitores registrados. No Brasil, o voto não é obrigatório para pessoas com mais de 70 anos. Entre os mais idosos, de 95 a 99 anos, o número de eleitores quase dobrou em quatro anos, passando de 130 para 246, enquanto os eleitores com mais de 100 anos foram de 11 para 29.
Na outra ponta, entre os adolescentes de 16 e 17 anos, que também não são obrigados a votar, o número de eleitores saltou de 384 em 2020 para 728 em 2024, um aumento de 89,5%, mas que representa apenas 0,2% do eleitorado total. Esse percentual é inferior ao que esses jovens representam na população – o IBGE projeta que 2,38% da população gaúcha. O número também é inferior ao da eleição de 2022, quando 2.203 adolescentes de 16 e 17 anos se cadastraram para votar para presidente, governador, senador e deputados.
Jovens de 18 a 34 anos representam 28,3% do eleitorado. Em 2020, eram 72,9 mil eleitores dessa faixa etária. Neste ano, houve uma queda para 70,4 mil. Adultos de 35 a 49 anos passaram de 65,6 mil em 2020 para 68,2 mil. Ou seja, 27,4% dos eleitores, enquanto o número de eleitores de 50 a 59 anos caiu de 41 mil para 39,7 mil, 15,9% do eleitorado.
O que os números representam
O professor de Ciência Política da UFPel, Álvaro Barreto, considera que o desafio dos candidatos nessas eleições é demonstrar que o voto dessa população continua relevante. Esse envelhecimento geral do eleitorado é algo que deve preocupar os candidatos a prefeito “pois implica mudança nas políticas públicas a serem implementadas e no perfil da cidade como um todo”.
Os eleitores idosos veem as necessidades da cidade de uma forma diferente dos mais jovens, que não é tão atendida pelas campanhas, segundo o professor. “As campanhas ainda se baseiam mais no eixo desenvolvimento, que é uma ‘pauta jovem’, voltada ao futuro, e menos na oferta qualificada de serviços municipais, o que tem mais potencial para cativar o eleitorado mais maduro, pois diz respeito ao hoje”, avalia.
Já no caso dos adolescentes, o professor explica que o aumento do eleitorado indica uma disposição maior de participar das escolhas políticas, mesmo que o número de eleitores dessa faixa etária esteja abaixo do tamanho da população nessa idade. Embora tenham menor peso na disputa para prefeito, o voto dos mais jovens pode ser determinante na escolha de vereadores. “Há um eleitor estreante disponível para ser cativado pelos candidatos que conseguirem dialogar com tais adolescentes”, disse.
À espera do primeiro voto
Aos 17 anos, a estudante do Ensino Médio Isadora Ulguim garantiu seu título de eleitor no prazo e se prepara para o seu primeiro voto. “Acredito que é umas das maneiras de exercer minha cidadania e participar das decisões que vão impactar a comunidade em que estou inserida”, explica.
Para escolher candidatos a prefeito e vereador, Isadora diz levar em conta quais são as propostas para temas como educação, sustentabilidade e meio ambiente, empreendedorismo, inovação, saúde e segurança pública. Para ela, o voto dos jovens é importante, já que são eles que lidarão com as consequências das escolhas políticas.