Como tornar Pelotas uma cidade mais arborizada?

Arborização urbana

Como tornar Pelotas uma cidade mais arborizada?

Plantio de árvores é atrapalhado principalmente pela depredação; uso de espécies nativas da região pode ajudar no desenvolvimento

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Como tornar Pelotas uma cidade mais arborizada?
Trecho da rua Barão de Butuí é um dos raros exemplos de vias arborizadas na cidade, com relatos da população apontando para diversos benefícios. (Foto: Jô Folha)

A relação entre arborização e urbanização é pauta na busca por desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. Em Pelotas, algumas ruas se destacam pelo sucesso no processo de arborização, embora dependam de um olhar atento de moradores e do poder público para sua manutenção. Porém, ainda há carência na cobertura vegetal na cidade, o que está ligado a problemas como falta de interesse das pessoas e depredação.

Um exemplo positivo de arborização urbana em Pelotas é a rua Barão de Butuí. Para quem a observa a partir da rua Almirante Barroso em direção à avenida Juscelino Kubitschek, o cenário é composto por árvores de diferentes tamanhos nos dois lados da rua, gerando um ambiente agradável, principalmente para quem vive na região.

Moradora da Butuí há quase três décadas, a pelotense Elisabeth Gonçalves, 67 anos, garante que antigamente ela era mais verde. Há cerca de dez anos atrás ela decidiu plantar uma muda de ficus em frente à sua casa, em um espaço onde antes havia um jacarandá, espécie de maior porte. E a família não deixa de fazer a manutenção. “Meu marido tira as pontas quando está com os galhos desparelhos”, diz a aposentada.

A presença de uma boa cobertura vegetal refresca o ambiente da rua no verão, segundo Elisabeth, e promove vastas sombras, além de proteger o meio ambiente e trazer consequências positivas à saúde dos moradores. Para ela, a falta de paisagens semelhantes em outros locais da cidade está relacionada ao vandalismo e, como resultado, o pouco engajamento da população.

“A gente planta, mas custa a vingar a muda porque o pessoal passa e arranca”, declara. “A árvore da vizinha fomos nós que plantamos. Plantamos a muda seis vezes e as pessoas arrancavam. Até que um dia vingou”, conta.

Espécies nativas

Para o biólogo e professor da UFPel, João Iganci, existem dois pontos importantes para tratar sobre a arborização urbana em Pelotas. O primeiro é a escolha das espécies. A maior parte das mudas usadas hoje são exóticas e não são naturais da região. Ele entende que a escolha de plantas nativas pode ajudar na arborização, pois essas plantas requerem menos cuidados já que estão adaptadas ao clima local e à manutenção periódica.

“Atraem a fauna local, sobretudo aves, que buscam as plantas para se alimentar, polinizam e dispersam frutos e sementes. Isso traz um ambiente mais agradável e melhor qualidade de vida”, explica o professor. “Algumas espécies nativas são usadas amplamente em outros lugares do mundo, como a Schinus molle, que é muito comum nas matas do interior do município, as capororocas, comuns próximo do Laranjal, e a corticeira”, cita.

Manutenção

O segundo ponto citado pelo especialista é a manutenção dessas estruturas arbóreas. Ele defende que assim como em qualquer jardim, a arborização urbana precisa de manutenção periódica, principalmente para o controle da erva-de-passarinho, que é uma parasita. “A manutenção deve ser realizada de forma manual, com a remoção da erva-de-passarinho, por exemplo”, sugere.

Programa Ciclo Verde

De acordo com o secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaefer, a implantação do Programa Ciclo Verde tornou a SQA promotora de diversas ações que visam construir um ambiente ecologicamente equilibrado. Em números, houve um aumento de quase cinco vezes na quantidade de manejos arbóreos executados, quando comparado aos anos anteriores.

Além disso, campanhas de educação ambiental, tais como “árvores certas, no lugar certo”, o dia “D” de doação de mudas e oficinas de plantio são importantes mecanismos para incentivar e conscientizar a população. A contratação de empresa especializada para execução do plantio urbano desde 2023 tem como objetivo o plantio de mudas adequadas ao meio urbano em regiões com baixa arborização e vai acrescentar maior e melhor qualidade na arborização da cidade.

Plantio

Para selecionar os locais e as espécies que serão plantadas, o secretário explica que são utilizados critérios técnicos conforme Guia de Arborização Urbana, atualizado em 2021. Além disso, devem ser observadas outras legislações, como o Plano Diretor, por exemplo, que é taxativo quanto à medida mínima de calçada que pode ser arborizada, tendo em vista, principalmente, a acessibilidade. Os projetos são elaborados por técnicos mediante vistoria aos locais e definição de espaçamento e tipos de espécies mais adequadas.

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