O cenário de depredação e vandalismo em pontos turísticos de Pelotas não vem de hoje. A maioria maciça da população despreza tal cenário e condena quem enfeiece a cidade. Ainda assim, é algo que repete-se historicamente e nunca tem solução. A questão passa por diversos pontos como a falta de ações preventivas, atividades educativas e bom senso. Mas, acima de tudo, é desrespeito com o patrimônio que é de todos.
Uma cidade que tem na memória um dos grandes trunfos para o desenvolvimento do seu turismo passa vergonha ao apresentar-se com seus principais patrimônios cheios de rabiscos e pedaços faltando. Quem circula pela praça Coronel Pedro Osório e seu entorno não consegue deixar de indignar-se com o cenário. Prefeitura, casarões, Bibliotheca, Mercado, Grande Hotel… Não há um que tenha passado impune às tintas ou aos furtos de pedaços.
Chegamos a um ponto em que o patrimônio histórico é escondido. O leitor pode buscar na memória e lembrar de coisas que já não vemos. A Bibliotheca Pública escondeu as placas de sua fachada em uma sala fechada para não perdê-las de vez. A estátua do Negrinho do Pastoreio, próxima ao Pelotense, estava sendo cerrada para ser levada e provavelmente derretida. Por sorte, foi resgatada antes. Mas agora fica fechada em alguma sala da Secretaria de Cultura. O busto e a carta-testamento de Getúlio Vargas, peça icônica da rua 15 de Novembro, foi levada para nunca mais voltar e agora há apenas o púlpito vazio (e pichado).
É papel das polícias fazer ações preventivas. É papel dos órgãos públicos – muitas vezes em parceria com a iniciativa privada – recuperar tudo isso. Mas é, acima de tudo, papel do cidadão atuar preventivamente, acionar órgãos de segurança quando notar uma depredação em curso ou recém feita, e educar seus filhos e seu entorno para que respeitem a nossa cidade – também na questão do lixo e tudo mais. É com respeito e ações educativas que uma cidade não vira um local feio.