A notícia de que Pelotas foi incluída à Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas é boa para todas as faixas etárias. Não só os idosos devem comemorar, afinal quem não é certamente pretende chegar à terceira idade. É uma lógica tão simples, mas que pouco passa pela cabeça das pessoas ao não refletir sobre essa questão básica. Assim, chegar com um entorno qualificado, redes de proteção e uma cidade acolhedora.
Embora um passo significativo tenha sido dado, é fundamental entender que há necessidade de evolução. É apenas um avanço dentro de algo que precisa ser uma construção coletiva. Fora o preconceito constante com pessoas mais velhas, o mundo ainda é voltado a ser uma espécie de arapuca, com um ambiente pouco inclusivo, seja no espaço ultradigital, estruturas pouco acolhedoras (só ver a quantidade de buracos nas ruas) e pouca inclusão, com escassez de espaços qualificados para permanência.
Além disso, idosos são constantemente vítimas de golpes, tanto os tradicionais quanto as enganações via violência psicológica ou financeira. Basta parar em uma esquina qualquer da cidade e notar que velhinhos são os alvos favoritos das ofertas de empréstimo consignado, muitas vezes sem tanta informação. Frear isso é também uma inclusão. Fomentar a fragilidade socioeconômica do idoso é outro tipo de exclusão.
A questão familiar precisa ser trabalhada tanto quanto. É em casa que boa parte desses tipos de soluções precisam ser pensadas. Olhar carinhosamente para o idoso e não notar apenas limitações, sem abandono e com acolhimento.
A lista de carências levantadas pelos pesquisadores norteia questões que são gritantes, mas poucos param para refletir em uma espécie de egoísmo, uma mentalidade de “na minha vez eu penso”. Construir um mundo melhor para a população idosa, com valorização, incentivo, oportunidades e tantas outras necessidades, é construir um mundo voltado a si mesmo.
