Chuva preta traz alerta para a saúde
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira27 de Novembro de 2024

Fenômeno

Chuva preta traz alerta para a saúde

Precipitação carrega partículas de fumaça de incêndios florestais registrados em outras regiões do país

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Chuva preta traz alerta para a saúde
Em Pelotas, últimos dias são de pouca luz solar e baixa visibilidade do céu. (Foto: Jô Folha)

Já registrada na última segunda-feira (9), a queda de “chuva preta” em Pelotas é um fenômeno que vem sendo causado em virtude da fumaça dos incêndios florestais que acontecem no restante do país e no exterior. Segundo o meteorologista do Centro de Pesquisa e Previsão Meteorológica (CPPMet) da UFPel, Henrique Repinaldo, a chuva com fuligem é resultado do canal de ventos que transportou a fumaça das queimadas em direção à região Sul do Estado.

O especialista esclarece que essa fumaça não está próxima à superfície terrestre, acima de dois mil metros de altitude, sobre as nuvens, portanto não é possível vê-la a olho nu enquanto não há precipitação. Com o céu limpo, é possível perceber a fumaça à medida que a radiação solar perde sua intensidade natural. “Quando forma uma nuvem de chuva, a água condensa ao redor das partículas de fuligem que vêm das queimadas, que estão na nuvem. Essa gota contaminada pesa e acaba chovendo”, explica Repinaldo.

A gota d‘água não é completamente preta, mas contém partículas que ficam visíveis a olho nu quando concentradas por cima de veículos de cor clara, por exemplo, ou se essa água ficar acumulada em vasilhas ou calçadas, aparentando uma coloração mais escura. “Na segunda-feira sentimos inclusive um pouco do cheiro. Porque a fuligem chegou perto da gente por causa da chuva e sentimos aquele cheiro de incêndio apagado”, aponta.

Chuva não é tóxica

Segundo o professor de meteorologia da UFPel, Marcelo Alonso, essa fuligem não tem capacidade de alterar o pH da água a ponto de caracterizar a chuva ácida. Mesmo que essa fuligem se agregue aos mananciais, o professor ressalta que a toxicidade da água consumida não será afetada, já que o processo de tratamento filtra essas partículas. “Não há o que se preocupar com a toxicidade da água”, afirma.

Recomendações

O governo do Estado divulgou as recomendações necessárias para as pessoas neste momento em que está comprometida a qualidade do ar no Rio Grande do Sul. Entre as principais medidas para a população estão:

  • beber mais água para manter a umidade das vias respiratórias;
  • evitar atividades ao ar livre quando a poluição estiver alta e manter portas e janelas fechadas;
  • usar máscaras para reduzir a inalação de partículas (lenços ou máscaras de pano para partículas grossas, e N95 ou PFF2 para partículas finas);
  • evitar exercícios físicos em dias com alta poluição;
  • crianças, idosos e gestantes devem estar atentos a sintomas respiratórios e procurar um médico se necessário.

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