Em turnê pelo Sul do país, artistas rondonienses Bado, Quilomboclada e Sandra Braids se apresentam em Pelotas neste domingo (8), às 20h, dentro do projeto Sonora Brasil, do Sesc. O show gratuito celebra a diversidade e a herança cultural do Estado do Norte. Em entrevista ao A Hora do Sul, o músico e produtor Samuel Pessoa fala um pouco sobre a proposta que o público pelotense vai assistir. O evento acontece na Fábrica Cultural Música pela Música, rua Félix da Cunha, 952.
Quais são as atrações desta caravana?
São três artistas, é Bado, um cantor com 40 anos de carreira, tem a Sandra Braids, uma cantora de rap, com 20 anos de carreira e temos nós, a banda Quilomboclada, com 23 anos de carreira. Foram juntadas estes três artistas para esta temporada do Sonora, para fazer a Região Sul. Eu sou músico e estou na produção também. Estamos com nove integrantes, na banda mesmo são cinco integrantes, junta mais quatro, porque o Bado trouxe o guitarrista dele e o restante ele é acompanhado pela Quilomboclada. A banda trabalha a musicalidade voltada em defesa da Amazônia, que inclui todos aqueles elementos que pertencem à floresta: fauna, flora, povos originários, quilombolas e extrativistas. As nossas músicas têm uma variedade de ritmos que vão do rock e do hip-hop para a ciranda, os cocos de embolada, elementos e ritmos brasileiros, que tem como foco a defesa da Amazônia. O Bado é mais uma MPB, mas também tem o mesmo foco e a Sandra Beats, que traz os elementos urbanos, também tem como foco a linguagem e a defesa da floresta.
Apesar de ter diferentes trajetórias e estilos musicais, os trabalhos de vocês se complementam, a partir dessa temática em comum?
Sim, a temática é em torno da Amazônia, que a gente transversaliza por meio dos ritmos.
Qual é o roteiro desta turnê?
Essa primeira etapa que a gente está fazendo é no Sul do país. Estamos fazendo aqui no Rio Grande do Sul as cidades de Pelotas, Novo Hamburgo, Montenegro, Caxias do Sul e Rio Grande. Depois a gente vai pra Santa Catarina, onde vamos fazer Lages e Criciúma, aí voltamos pra Porto Velho, e depois descemos pro Sudeste, onde vamos fazer Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
É importante conhecer outras regiões, como isso impacta vocês?
A gente tem falado que o network tem sido o mais importante para nós, porque a gente está lá na região Norte, muito isolados, isolados de tudo. A gente tem tentado sair para que outras regiões do país conheçam a nossa musicalidade, então o Sonora Brasil nos dá a possibilidade de conhecer não só os artistas de outras regiões, mas o povo deles. Estamos tendo a oportunidade de conhecer o povo gaúcho, porque lá no norte a gente só tem informações do povo gaúcho. Não conhecemos como é a culinária, o acolhimento, a cultura gaúcha. Essa tem sido uma oportunidade muito rica para que a gente possa também evoluir no nosso processo de construção da nossa identidade brasileira.
O Rio Grande do Sul é o primeiro estado que vocês visitam?
Estreamos o Sonora Brasil no Rio Grande do Sul, íamos estrear em Porto Alegre, mas não teve possibilidade porque, não sei se você sabe, mas neste exato momento na Amazônia estamos passando por um período muito difícil com as queimadas. O aeroporto de Porto Velho, que é a capital de Rondônia, está interditado por conta das queimadas, que não permitem o pouso, nem a decolagem. Quase que a gente adia essa turnê no Sul, mas houve uma oportunidade de voo, quando o céu deu uma limpada. Infelizmente não conseguimos manter o show de Porto Alegre.
As queimadas preocupam muito vocês?
É grave essa situação. Há muita preocupação. Estamos falando de um lugar do qual o país todo depende e como é floresta, o ser humano não tem muita consciência de que aquela queimada que ele está provocando lá afeta a vida de todos nós. Afeta vocês. O fenômeno provocado pelo fogo, a gente sabe, tem a mão do homem. São coisas cometidas por seres humanos. É muito complicado, é triste. A gente tem se emocionado bastante nos shows com relação a isso, porque temos na Amazônia a nossa matriz de música e estamos vendo ela se queimar.