Enquanto a disputa eleitoral se acirra na maioria das cidades, em Turuçu nem parece que os eleitores irão às urnas daqui um mês. A cidade de menos 3,5 mil habitantes tem o próximo prefeito praticamente definido: Ivan Scherdien (PP), que disputa a reeleição, é o único candidato. Como votos brancos e nulos não são válidos, basta um voto para que Scherdien se reeleja.
Turuçu é uma das 214 cidades brasileiras que têm apenas um candidato disputando a prefeitura. Esse é o maior número de candidatos únicos em sete eleições e o número dobrou em relação a eleição de 2020. O estado com maior número de cidades com apenas um candidato é o Rio Grande do Sul: são 43, o que representa 8,6% das cidades gaúchas.
Mesmo nesse caso, o voto continua sendo obrigatório para os cidadãos entre 18 e 70 anos, já que ainda há disputa para vereadores. Em Turuçu, 32 candidatos disputam as nove vagas na câmara de vereadores.
Com a eleição virtualmente definida, o prefeito de 51 anos pouco precisa ir às ruas e continua cumprindo o expediente em seu gabinete. “A gente estava mais preparado para enfrentar alguém do que para fazer campanha sozinho”, admite. “Parece que não existe eleição”, avalia.
Mesmo com esse cenário, Scherdien ainda pede o voto para os eleitores. “A responsabilidade para os próximos quatro anos dobra sendo chapa única. A gente está pedindo para o povo votar porque é bom para o município, é bom para a autoestima das pessoas”, diz.
O prefeito atribui a falta de opositores a um bom governo, citando a atração de três empresas e melhorias na área da saúde. Para o próximo governo, Scherdien avalia que os principais desafios são a criação de empregos e a condição da zona rural. “Os equipamentos estão ficando sucateados, então vou ter que trabalhar num novo parque de máquinas no futuro para melhorar nossas estradas”, diz.
Em 2020, Scherdien disputou com outros dois adversários e acabou eleito com mais de 60% dos votos, e teve mais que o dobro dos votos do segundo colocado. Na câmara, a base do governo tem a maioria, com seis dos nove vereadores.
Na oposição, Fabinho Krause (MDB) atribui a falta de candidaturas a prefeito ao pouco engajamento político da população e uma relação de favores. “Nosso município tem 3.500 eleitores, e dentro do quadro da prefeitura, entre efetivos, terceirizados e contratados, tem 350 funcionários. Temos 10% da cidade vinculados diretamente à prefeitura e isso prejudica bastante”, avalia.
