Após confirmar que deixará o cargo de presidente do Grêmio Esportivo Brasil, Gonzalo Russomano recebeu a reportagem do A Hora do Sul no estádio Bento Freitas para fazer um balanço de como foi sua gestão. O atual mandatário xavante teve apenas um ano para colocar os seus projetos em ação ao lado dos vices Emerson Novelini (futebol), Vilmar Xavier (financeiro) e Chavélli Cardozo Curi Hallal (administrativo).
Em outubro de 2023, Gonzalo liderou uma chapa aclamada na terceira tentativa de eleger uma nova Executiva após a renúncia de Evânio Tavares, alguns meses antes. Um dos seus maiores desafios era acalmar os bastidores do clube, que viveu momentos agitados na gestão anterior, principalmente pela falta de transparência na questão financeira, além de conseguir montar uma equipe competitiva mesmo com pouco poder de investimento.
Gonzalo seguiu o legado de seu avô Clóvis Gotuzo Russomano, que foi presidente do Brasil em quatro oportunidades (1954, 1957, 1972 e 1979) e hoje faz parte do grupo de conselheiros natos.
Em meio a um novo processo eleitoral, neste sábado (7) o Xavante completará 113 anos. Confira a entrevista com Gonzalo Russomano.
Qual o balanço da sua gestão?
O positivo foi que a gente conseguiu manter o Brasil em uma competição nacional e na Série A do Campeonato Gaúcho. A gente conseguiu manter questões financeiras e jurídicas controladas. Por mais que entrem ações a gente pelo menos respondeu a elas, não deixamos correr. Teve o transfer ban que a gente negociou e isso deu uma sobrevida para o clube na questão de garantias, de pagamentos. Ao invés deles entrarem e nos cobrar, pelo menos a gente consegue primeiro negociar uma forma mais fácil do clube pagar.
Vocês tinham outros projetos que não conseguiram colocar em prática neste ano?
Tem tanta coisa que a gente queria fazer mais. Acertar a parte da estrutura do clube, parte financeira, patrocínios, campo, tem tanta coisa que em um ano não deu para fazer e que precisaria de uns cinco, seis anos.
A sua gestão conseguiu pacificar mais o Brasil?
Com certeza. A parte administrativa e política do clube está bem mais calma. A gente dois meses atrás passou por uma operação do Ministério Público [sobre a gestão de Evânio Tavares], que está correndo em sigilo no MP. Mas essa parte acredito que está mais tranquilo de lidar. Não está mais aquele fervor que estava um ano atrás.
A próxima gestão vai encontrar o clube em uma situação melhor do que quando vocês assumiram?
Vai encontrar um pouquinho mais organizado. Quando a gente entrou aqui não tinha nada. Tinha funcionários sobrando, tinha parentes de dirigentes trabalhando aqui dentro. Parecia uma prefeitura, cabide de emprego. Conseguimos mais ou menos acalmar essa parte, mas é inevitável que enquanto tiver ações [judiciais] nem orçamento é tranquilo de se fazer. Podem aparecer cobranças. A gente faz o orçamento hoje e semana que vem pode ter uma cobrança de jogador que entrou ou um transfer ban. Para direção é complicado.
A direção conseguiu acertar todas as pendências financeiras desta temporada?
A gente ainda tem alguma coisa para acertar. Os salários estão em dia, mas ainda temos alguma coisa para acertar de premiação principalmente com comissão técnica. Com os jogadores está em dia. Funcionários faltam 10% para acertar.
Quantos sócios o Brasil tem em dia e quanto rende por mês?
O quadro social está com problema em uma outra ação. Está bloqueado, mas a gente está com o jurídico trabalhando para ser liberado. […] Temos mais de 2,5 mil sócios em dia.
Teve renegociação para renovar com jogador ou técnico?
Ainda não. Pode deixar apalavrado. Daqui a pouco não é essa Executiva que vai ficar, é uma outra que tem outro técnico, que tem outro jogador. Imagina a gente fechar um contrato com um técnico, aí o próximo presidente precisa rescindir, tem multa, então é melhor esperar as eleições e o grupo que pegar tome a melhor escolha.
SAF foi pauta da direção ou apenas conselheiros debateram o assunto?
No futuro sim. Uma das formas para deixar o clube viável vai ser com SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Isso sempre é debatido. […] O assunto ainda está engatinhando, não tem um valor concreto, mas está em andamento com um pessoal que foi escolhido pra estudar essa parte da SAF.
Como surgiu a possiblidade de voltar com a categoria de base?
Vieram nos procurar [Associação Galera]. Como o Brasil ainda não tem como manter pelas próprias pernas uma categoria sub-17, sub-20, que é um valor bem caro para se manter jogador, alojamento, alimentação. São os mesmos custos de um time profissional. O Bira [ex-jogador do Brasil] ofereceu essa parceria e vamos manter pelo menos até o final do ano [a parceria para 2025 dependerá da próxima direção].
Durante a gestão teve alguma evolução na utilização do CT na Sanga Funda ou alguma outra possiblidade como a Arena Marini?
O Andreo Marini [dono da Arena Marini] sempre foi um grande parceiro nosso. A gente só não treinou mais lá por causa das enchentes, que prejudicaram os campos dele. Então a gente não conseguiu treinar lá da maneira como a gente gostaria, até para preservar o nosso campo. Tiveram outros lugares que a gente procurou para ver a possibilidade de fazer um CT ou alugar a área pra gente usar. Na área da Sanga Funda a gente tem um estudo que precisa cortar aquela grama pra ver o que tem. Tinha fiação, mas roubaram. Tem toda uma logística para a gente começar a usar o CT.
Depois de ser presidente, qual a sua visão do Brasil e que recado deixaria para o torcedor?
O clube tem que seguir tentando ser o mais sério possível, gastar menos do que se tem. O clube tem que ter o cuidado principalmente com os gastos. Digo para o torcedor que não deixe de acreditar, que continue apoiando, continue se associando. Acredito que a partir de agora o clube tende a crescer mais ainda.