Das 223,1 mil toneladas de lixo recolhidas em Pelotas nos últimos três anos, o Sanep indica que ao menos 55,7 mil toneladas eram materiais passíveis de reciclagem. No entanto, somente sete mil toneladas realmente foram destinadas ao processo de reaproveitamento, o restante não pode ser reciclado devido ao descarte de forma incorreta pela população. Mesmo nos resíduos que foram destinados pelos próprios moradores à coleta seletiva, há contaminação de matéria orgânica e rejeitos.
Além de preservar o meio ambiente, a separação correta do lixo reciclável gera renda para diversas famílias e diminui os gastos do município com aterro sanitário. Quando separados adequadamente, os materiais recicláveis são recolhidos pela coleta seletiva e entregues para seis cooperativas de reciclagem conveniadas ao Sanep.
Uma delas, a União Cooperativa dos Catadores de Resíduos Sólidos (Unicoop) recebe em média duas toneladas de lixo por dia. Esse volume todo deveria ser classificado em máquinas, prensado e comercializado a empresas, porém cerca de 30% viram rejeito por ter sido contaminado com matéria orgânica nas residências.
Conforme explica a coordenadora da Unicoop, Suelen Oliveira, além da perda dos materiais que poderiam ser reaproveitados, a falta de cuidado dos cidadãos com o lixo do
méstico impacta no trabalho e na segurança dos cooperados. “Às vezes as pessoas até separam, mas jogam erva ou comida e contaminam, colocam seringa, jornal contaminado com fezes de cachorro, restos de medicamentos”, relata.
A Unicoop emprega 11 pessoas, a maioria mulheres e chefes de família que têm na reciclagem a sua principal fonte de renda.
Baixo percentual de reciclagem
A coordenadora e professora do curso de Gestão Ambiental do Instituto Federal Sul-Riograndense (IFsul) campus Cavg, Mariana Farias, salienta, considerando que a cidade de Pelotas tem 100% da zona urbana atendida pela coleta seletiva, que 12% de resíduos recicláveis recolhidos nas residências ainda é um percentual baixo.
Conforme o cálculo do Sanep, de todo o volume de lixo coletado o potencial de reciclagem é de 25%, o restante seria 50% de matéria orgânica e 25% de rejeitos.
As vantagens
Mariana destaca que os benefícios econômicos vão desde as cooperativas de triagem, que vendem o material separado, até as indústrias, que economizam na compra de matéria prima. O processo de reciclagem permite ainda uma economia de água e energia, que seriam utilizados na extração de matéria prima virgem.