“Não podemos dizer que o mar está subindo”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira27 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Não podemos dizer que o mar está subindo”

Pesquisadora Salette Amaral de Figueiredo analisa as mudanças climáticas no litoral gaúcho

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“Não podemos dizer que o mar está subindo”
Salette é uma das responsáveis pelo Laboratório de Morfodinâmica Costeira da Furg

Uma das responsáveis pelo Laboratório de Morfodinâmica Costeira, do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), a professora Salette Amaral de Figueiredo, das disciplinas de Geologia e Oceanografia Geológica, desenvolve pesquisa sobre temas como os impactos das mudanças climáticas globais e suas implicações em regiões costeiras, morfodinâmica costeira, vulnerabilidade costeira, riscos e erosão costeira.

Com a professora Elaine Siqueira Goulart, também responsável pelo laboratório, orientam quatro estudantes de mestrado e um de iniciação científica. No momento, as professoras trabalham no projeto universal do CNPQ intitulado Impactos das mudanças climáticas na costa do Rio Grande do Sul. O projeto, que começou em 2021, termina no ano que vem, porém os monitoramentos devem continuar.

Como atua o Laboratório de Morfodinâmica Costeira?

Em processos costeiros atuais que modificam a linha de costa, incluindo os possíveis impactos das mudanças climáticas na costa.

Que pesquisas estão sendo desenvolvidas atualmente por este laboratório?

Atualmente estamos monitorando locais específicos ao longo da costa através de levantamentos sazonais com drone a fim de identificar padrões de variação da linha de costa.

É possível observar nas praias do Extremo Sul do Estado alterações significativas na costa em função das mudanças climáticas?

Os resultados ainda são iniciais e é preciso um monitoramento mais longo para definir padrões. Mas estamos observando que áreas anteriormente caracterizadas com acrescivas (onde ocorre deposição sedimentar) estão apresentando estabilidade com uma tendência erosiva, como é o caso da região do Estreito (em São José do Norte) a 40 quilômetros do molhe. Isso está relacionado ao estabelecimento de um déficit sedimentar. Este decréscimo no aporte de sedimentos pode estar relacionado às mudanças climáticas a partir de tempestades mais intensas e mais frequentes. Mas não podemos dizer que o mar está subindo. A faixa de areia está estável com tendência a diminuir nas nossas análises a partir de imagens de satélite de 2009 para cá.

Pode explicar melhor?

Está havendo uma retirada de sedimento. Pode ter várias razões, dentre elas aumento da frequência de tempestades mais extremas. Mas é preciso analisar outros dados para confirmar, para analisar as causas.

A senhora pode falar sobre a importância do curso do professor Patrick Hesp para pesquisadores da sua área?

No mês de setembro receberemos a visita do professor Patrick Hesp, expert na área de dunas costeiras, através do programa Capes-PrInt. Este curso é uma oportunidade única para conhecer mais sobre a dinâmica destes sistemas que são essenciais para proteção costeira à erosão. Onde pesquisadores da Furg e de outras universidades do Brasil terão acesso.

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