Ex-diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina (UB) é candidata a vice-prefeita de Pelotas na chapa de Fernando Estima (PSDB). Ela é a segunda entrevistada pelo A Hora do Sul na rodada de conversas com os candidatos a vice.
Como o teu nome surgiu como candidata a vice?
Servir a cidade acho que é a maior honra que uma pessoa pode ter, ainda mais uma pessoa que é apaixonada pelo serviço público como eu sou, a minha vocação é o serviço público. Eu tenho duas formações, sou formada em artes visuais e em gestão pública com MBA. A minha vida teve um pouco de obstáculos, e eu sei o poder que as oportunidades têm na vida de uma pessoa. É isso que eu quero para Pelotas, um lugar de oportunidades, um lugar de acolher. Depois de todos os desafios que eu enfrentei dentro do Sanep, acho que isso me encorajou a estar nesse papel hoje, de buscar esse voto, de ter toda essa entrega para a cidade. Nunca houve uma disputa dentro do partido, pelo contrário. A Maíra Lessa já foi candidata a deputada e teve uma capilaridade absurda por tudo que ela representa na cidade. A gente se complementa, e foi uma decisão de dentro do partido, especialmente por tudo que a gente representou no Sanep.
Como a sua experiência no Sanep será levada para o Executivo?
Eu assumi o Sanep na pior estiagem que a cidade já enfrentou, eu enfrentei as duas piores estiagens, também no ano passado. A gente enfrentou o setembro mais chuvoso dos últimos cem anos e a cidade estava preparada, com todo o serviço de macrodrenagem, casas de bomba operando. Em maio, enfrentamos a tragédia mais devastadora da história do RS, e Pelotas também estava preparada. Tivemos problemas nas áreas que não eram protegidas e já tínhamos projetos no governo federal. Finalizamos a obra da Estação de Tratamento de Água São Gonçalo, esse ano vamos finalizar a obra da Estação de Tratamento de Esgoto Novo Mundo. Isso nos gabarita a levar a nossa experiência, onde a gente coordenou 850 servidores diretamente, a um espaço mais amplo, que é a gestão municipal.
Como preparar Pelotas para as mudanças climáticas?
Já temos um projeto junto com a UFPel e a UCPel que vai ao encontro das perspectivas da mudança climática dentro do Sanep. O Pacto pela Paz é um exemplo de sucesso que une os três setores, é um formato que pode ser usado na resiliência. A nossa referência era a enchente de 1941, hoje a gente tem um novo marco histórico. Todos esses planos terão que ser revisitados. Temos duas linhas de atuação: manter o que já existe e funcionou em maio deste ano, e intervenções para as proteções que não estão sendo feitas. As 169 metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU são balizadoras do nosso plano de governo, e todas as metas transversais são ligadas à saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura, e a gente precisa linkar de forma transversal isso dentro das nossas ações.
O que pode ser feito para cumprir o Marco do Saneamento?
Em 2020 foi editado um novo marco regulatório do meio ambiente que estabelece metas até 2033 muito ousadas, coisas que não se fizeram até então, tu tem agora menos de dez anos para fazer. Na época, a gente colocou à discussão da sociedade um formato de locação de ativos e fizemos projetos para todas as bacias da cidade no que diz respeito a esgotamento sanitário. Não houve evolução naquela época porque aconteceram outras tragédias, o avanço da pandemia, ciclone. Com a ETE Novo Mundo a gente vai chegar a 40% da cobertura de tratamento de esgoto, esse é o nosso desafio agora, somado com a proteção das cheias. A gente tem solução, a gente fez projetos, investimos em tecnologia de primeiro mundo para fazer. Nós cadastramos R$ 300 milhões em projetos para saneamento básico e o governo federal aprovou agora R$ 125 milhões de financiamento para a ETE Engenho e para ETE Simões Lopes.
Qual vai ser o seu papel como vice-prefeita?
O Sanep não é só saneamento, é uma mini-prefeitura. Foi ali onde eu tive a minha experiência de início de gestão pública e quero fazer muito mais pela minha cidade. Eu quero que essa cidade seja generosa com as pessoas, seja inclusiva e que não deixe ninguém para trás, gerando emprego e renda, trazendo indústrias, justiça social, infraestrutura de qualidade. Eu quero tratar dessas outras pautas, tudo isso com responsabilidade ambiental.