As perguntas (ainda) não respondidas
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Quinta-Feira19 de Setembro de 2024

Opinião

Douglas Dutra

Douglas Dutra

Repórter e colunista de política

As perguntas (ainda) não respondidas

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Atualizado segunda-feira,
16 de Agosto de 2024 às 15:36

O Ministério Público deu um passo importante para esclarecer os crimes que ocorriam no Pronto Socorro de Pelotas ao denunciar o ex-diretor Misael da Cunha pelo desvio de mais de R$ 258 mil. A denúncia é uma primeira resposta à sociedade, que desde fevereiro acompanha os desdobramentos do caso, e motiva a crença de que, quem quer que tenha cometido crimes, não sairá impune.

As informações tornadas públicas até agora são da primeira fase da operação Contágio. Neste momento, Misael é o único denunciado. De acordo com o MP, a soma foi desviada em 18 ocasiões entre março de 2022 e fevereiro de 2024 para a confecção de móveis nas casas de Misael e de seus pais e para a igreja com a qual tem vínculo. Os desvios envolvem contratos de portaria, construção e móveis planejados.

A expectativa agora é sobre o que as próximas fases da investigação irão revelar. 

Há algumas perguntas importantes que ainda não foram respondidas, nem pelo MP, nem pela CPI da câmara:

  • O diretor operava esse suposto esquema sozinho? Quem o auxiliava ou acobertava?
  • Qual o valor total desviado?
  • Misael ocupava cargos na direção do PSDB de Pelotas, primeiro como tesoureiro, depois como vice-presidente. Quem o indicou para um cargo tão alto no Pronto Socorro? Quem o apadrinhou politicamente?
  • Quais são as empresas envolvidas nos desvios? 
  • As empresas tinham conhecimento das ilegalidades em que foram envolvidas?

A investigação do MP é conduzida pelo promotor José Alexandre Zachia Alan. Além do caso do PS, o promotor também investiga suspeitas de desvios da Secretaria de Assistência Social de Pelotas. Em junho, foi cumprido um mandado de busca e apreensão contra um servidor suspeito de desviar recursos de pessoas atendidas pela secretaria. Ao menos 30 pessoas teriam tido seus benefícios assistenciais desviados pelo suspeito.

O fato de o caso da Assistência Social não ter tido tanta repercussão ao longo dos últimos meses é um atestado do sucesso da CPI da câmara de vereadores que se debruçou sobre o caso do Pronto Socorro. Mesmo que a CPI ainda não tenha sido concluída e que o principal suspeito não tenha sido ouvido, o trabalho dos vereadores teve sucesso ao passo em que manteve as suspeitas sobre o Pronto Socorro em evidência.

Os dois casos, tanto do Pronto Socorro quanto da Assistência Social, terão desdobramentos. Esperamos que sejam rápidos, que a justiça seja feita e que a sociedade tenha uma resposta.

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