“O ballet te pica como um mosquito e fica para o resto da vida”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Abre aspas

“O ballet te pica como um mosquito e fica para o resto da vida”

Mestre em ballet, Diclea Ferreira de Souza relembra a trajetória até chegar em Pelotas

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“O ballet te pica como um mosquito e fica para o resto da vida”
Dicleia conta a sua trajetória no ballet. (Foto: Jô Folha)

Aos 90 anos, a mestre em ballet Diclea Ferreira de Souza relembra a trajetória até chegar em Pelotas. Além disso, conta como foi a difusão da dança na cidade por meio das duas escolas voltadas exclusivamente ao ensino da modalidade.

Como foi o início da caminhada no ballet?

Eu nasci em Santos, cidade de São Paulo, em 1934. Fui com cinco anos para o Rio de Janeiro. Já estava carioca. Entrei para a escola de dança do Theatro Municipal e fiz o curso todo de danças, que é a Escola Maria Olenewa. E dali eu fui para o Corpo de Baile do Theatro Municipal e dancei muito tempo e cheguei a solista.

Como veio para Pelotas?

Comecei a namorar, noivei e o meu marido estava fazendo medicina no Rio de Janeiro, fazendo as especialidades. Então, quando ele terminou tudo que ele queria fazer, ele quis vir para a terrinha dele, que é daqui, é de uma família muito antiga aqui do Sul. Aí casei e tive que escolher uma coisa ou outra. Ou eu ficava no Theatro Municipal dançando, ou o casal vinha para o Sul. Pensei, e o amor foi maior. Eu vim para cá, mas continuava sempre com a dança.

Como o ballet seguiu na sua vida?

O ballet é uma coisa que te pica como um mosquito e fica para o resto da vida. Aquilo não sai. Eu dancei muito, viajei muito e vim parar aqui. Eu casei em julho de 58. Quando eu cheguei em Pelotas, já tinha muitas alunas esperando. A Antoninha Berchon Sampaio, que é daqui, tinha filhas pequenas e vinha pra cá, então ela já foi arrumando tudo, e eu cheguei aqui, já tinha 118 alunas esperando.

Como a escola começou?

Eu comecei em uma escolinha. E foi crescendo. Em 1960 abri a minha escola, e em 1963 já fiz meu primeiro espetáculo no Theatro Guarany, que nunca tinha visto nada, nem ouvido nada sobre dança. A escola foi muito bem, fiz muita gente bailarina. Depois, em 2006, eu tinha vontade de trabalhar com crianças que tivessem vontade de dançar e não pudessem pagar. E eu abri um grupo: “A Magia da Dança”.

Como foi a evolução do ballet em Pelotas?

Muito bom, porque as pessoas não tinham nem ideia do que era. Fico contente, porque acho que eu apresentei muitos ballets, e muita gente não conhecia porque nunca teve oportunidade. Eu montava ballets de repertório, como o Lago dos Cisnes. Acho que fiz um público também. Inicialmente os pais das crianças não entravam no teatro, iam tudo para aquele café que tem aqui à noite. Iam todos para lá, deixavam as crianças, e depois voltavam. No fim era a mocidade também, sendo que muitas vezes era a lotação completa do Theatro Guarany.

Qual visão você tem do ballet atualmente?

Nós estamos sempre fazendo espetáculos. Agora, neste mês, recomeçou o projeto A Magia da Dança, com 80 alunos. Quem está à frente é a minha filha, que se formou aqui, dançou no Rio, Curitiba e Portugal. Depois ela veio, continuou dançando aqui. Agora eu entreguei para ela. De vez em quando eu faço uma visitinha. Mas ela é uma ótima professora, já fez bailarinas também. O principal é ser apaixonado pela dança.

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