Presidente da Associação Castelo de Pedras Altas, o produtor rural e advogado, Luiz Carlos Segat, não conhecia a história do diplomata e produtor rural Joaquim Francisco de Assis Brasil, quando a família dele resolveu comprar as terras em que foi construído um castelo pelo gaúcho, no município de Pedras Altas, no início do século 20. Hoje ele é um apaixonado pela trajetória do também político e luta para manter vivo esse legado.
Como o senhor conheceu o Castelo?
A nossa família estava procurando uma área para plantar soja. Meu filho tinha vendido uma fazenda em São Francisco de Assis e queria investir numa outra. Ofereceram uma propriedade em Pedras Altas, eu perguntei pro João, que era o corretor: ‘João como é a área, é boa pra soja?’ ‘É boa, mas tem um castelo’. Eu disse: ‘Tá, mas eu quero saber se a área é boa pra soja’. Ele respondeu: ‘É boa pra soja, tá bem localizada, mas tem um castelo’. Mas a gente imaginava que eram só ruinas. Nunca nos preocupamos, porque até então a gente não conhecia, nem sabia quem era Assis Brasil. Eu brinco que fui a vida toda agricultor e nem sabia que nós tínhamos um patrono e que ele era o Assis Brasil. Por isso o parque Assis Brasil de Esteio, onde está acontecendo a Expointer. Quando meus filhos vieram para conhecer, eu vim junto. Quando entramos aqui, vimos todo o acervo que tinha, a biblioteca, os livros. Fomos conhecer a história e começamos a nos encantar. Na época nós não dávamos importância ao castelo, só queríamos saber de plantar soja, hoje nem se fala mais nisso.
O que mais tocou em vocês para que mudassem rapidamente o projeto em família?
Eu que gosto de estudar, comecei a conhecer a história de Assis Brasil, hoje estamos focados em preservar todo esse legado e estamos cada vez mais encantados com a história dele. Porque tem tantas pessoas apaixonadas pelo que o Assis Brasil fez, muitas pessoas anônimas. A gente viu no ano passado muitos historiadores, escritores fazendo homenagens para o Centenário do Pacto de Pedras Altas, que pôs término à última revolução armada do Rio Grande do Sul. Tantas pessoas que escrevem sobre isso.
Com esse projeto de restauro, qual é o objetivo da família hoje?
O objetivo é realizar o sonho do Assis Brasil, ele queria que isso aqui se transformasse em uma casa de visitação pública, tipo um museu, uma casa de cultura ou algo assim. O Castelo tem que voltar a ser o que ele era, ser um lugar de moradia. A gente vai utilizar o andar de cima esporadicamente para a família, porque nós precisamos trazer vida ao Castelo e vida, tu trazes com gente. E o térreo será para turismo, para expor o acervo, para que as pessoas que queiram, possam ter acesso. Assis Brasil queria que uma visita ao Castelo servisse para uma lição de coisas, não que o ensino tivesse que ser imposto – ele não pode ser imposto. Mas se você chegar aqui e ver tudo o que ele fez e disser: ‘não me serviu pra nada’, isso já é uma lição. Qual? Então tem que fazer diferente.
O que tem de melhor no Castelo de Pedras Altas?
Esse lugar tem uma coisa que eu acho fantástica, que é a sua energia. Aqui nós estamos falando da nossa história, porque a história do Rio Grande passa por aqui, passa por essa região de Pelotas, Piratini, Pedras Altas, Bagé até Alegrete.
O Castelo tem agora um futuro promissor pela frente?
A gente pretende agora continuar com as obras do restauro. Estamos concluindo a primeira etapa, pela Lei de Incentivo à Cultura, do governo do Estado e a segunda etapa, que foi um financiamento da Fundação Toyota do Brasil com recursos próprios. Já está aprovado pela lei Rouanet uma terceira etapa, que vai compreender o restauro de todo o acervo. Estamos focando em fazer com recursos próprios, cabanas, chalés para que os visitantes tenham mais conforto e também estamos pensando em construir um centro de eventos.