Moradores do Obelisco convivem com alagamentos dentro de casa há cerca de 20 anos
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira28 de Novembro de 2024

Falta de infraestrutura

Moradores do Obelisco convivem com alagamentos dentro de casa há cerca de 20 anos

Além dos perigos à saúde e dos impactos que a falta de infraestrutura causa aos residentes, prejuízos materiais são frequentes

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Moradores do Obelisco convivem com alagamentos dentro de casa há cerca de 20 anos
Moradora retira baldes cheio de água de casa para tentar minimizar o alagamento (Foto: Jô Folha)

O cenário enfrentado por parte da população de Pelotas durante a enchente de maio é a realidade constante de moradores da rua Francisco Ribeiro da Silva, no bairro Obelisco. Com as chuvas dos últimos dias, em torno de dez casas ficaram completamente alagadas.

Entretanto, a situação não é pontual e se repete frequentemente há mais de duas décadas. Isso fez com que parte dos residentes inclusive instalassem bombas para escoar a água para a rua. Quem não tem acesso ao recurso precisa utilizar baldes.

Falta de estrutura

Bastam poucas horas de chuva constante para que o acesso ao prolongamento da rua fique inviável mesmo a pé. Onde não há pontos de alagamentos, há camadas profundas de barro. Em frente a uma das casas, uma adolescente esperava a mãe sair no portão e alcançar a ela botas de borracha. Isso para que ao entrar no pátio a menina não molhasse os tênis e a calça.

A falta de infraestrutura básica não fica apenas da porta para fora. Sem drenagem adequada ou sistema de escoamento, a água que invade as casas chega a até 50 centímetros de altura. Somente em uma das residências, a moradora Janaína da Silva relata que na manhã de ontem retirou 40 baldes cheios da sala e cozinha.

Moradora retira de balde água de dentro de casa na tentativa de minimizar o alagamento (Foto: Jô Folha)

Diante da falta de perspectiva, três mães, chefes de famílias, têm se mobilizado em busca de solução pelo poder público. “Temos que lutar pela nossa dignidade, que não temos no momento, a gente vive com água e esgoto a céu aberto”, diz Débora Soares.

Mobilidade, saúde e educação afetadas

A mulher conta temer que a filha reprove na escola devido à quantidade de faltas. “A gente não tem como levar os filhos para a escola. Se tem uma semana de chuva é uma semana que ela não vai para a aula”. Débora parou de tentar sair de casa em meio ao alagamento depois que a menina caiu e se machucou gravemente.

Juliana Dias é outra moradora que vive na rua há anos. Recentemente, comprou uma bomba para drenar a água de dentro de casa, porém o alagamento segue em todo o pátio. “Mas não resolve, não dá vencimento essa bomba. Não temos condições de receber uma visita em casa. A gente não pode adoecer, porque não tem como sair. Ambulância não chega aqui”, lamenta.

Enchente como rotina

Além dos perigos à saúde e dos impactos que a falta de saneamento e infraestrutura causam ao desenvolvimento dos moradores, os prejuízos também são materiais. A água frequente dentro das casas danifica móveis e eletrodomésticos. “A gente só pode usar as partes de cima dos móveis”, diz Juliana.

A moradora diz que ela tem passado o mesmo que parte da população enfrentou com as cheias de maio, só que há anos. “A gente vive em enchente constante e não temos direito a nada. O que a gente perde não temos como repor e até se tentarmos a gente sabe que vai perder de novo”.

O que diz o Sanep

De acordo com informações do Sanep, via nota, os alagamentos são causados devido a drenagem da bacia ter sido comprometida pelo avanço das construções irregulares. Além disso, a manutenção do local seria ordinariamente de competência da Secretaria de Serviços Urbanos (SSUI).

Equipes teriam vistoriado a situação, juntamente da SSUI, e teria sido acordado que o Sanep buscaria viabilizar projeto de drenagem, assegurando aos moradores que a solução definitiva depende da correção da bacia completa. O projeto de drenagem, ainda não orçado, seria potencializado por outro projeto na região: o de esgotamento sanitário.

 

 

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