Em Pelotas, um decreto de emergência está vigente por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade em dezembro. Canguçu é outra cidade que conta estragos após o ciclone e temporais. Mas 160 quilômetros para o lado, na Campanha, a realidade é diferente: decretos por estiagem, mais uma vez, já foram emitidos. Se tornou padrão aqui na metade Sul, praticamente a cada semestre, uma emergência, seja por falta, seja por excesso de chuvas. E é o momento de refletirmos como esse “novo normal” vai ser encarado.
Decretos de emergência são úteis e necessários, mas paliativos. Na prática, seguem como uma maneira de remediar o estrago que já ocorreu. É remédio para a doença, não vacina preventiva. Mas, afinal, como prevenir chuva e seca? Esse é o grande desafio para uma região de mais de um milhão de pessoas que encara a necessidade de se reinventar na questão climática, sob pena de ver seu agronegócio e o abastecimento humano comprometidos quando falta água, ao mesmo tempo que dentro do mesmo ano é possível ver a água invadindo as cidades e destruindo casas e vidas.
É uma afirmação estranha, mas o fato é que hoje a região precisa pensar em investir nas duas frentes: tanto em obras de resiliência climática para evitar novas enchentes e estragos, bem como em medidas paliativas para socorrer o agronegócio quando a chuva e o vento passam destruindo tudo, quanto em maneiras de estocagem de água e criação de poços e açudes que possam nos dar suporte, também ao agro e ao abastecimento humano, quando não chove. São duas estruturas em extremos opostos, mas que por aqui, são usadas a cada três meses muitas vezes.
Essa é uma realidade complexa de toda a Metade Sul do Estado. Fronteira, Campanha, Zona Sul, Costa Doce… são centenas de municípios vivendo uma realidade muito específica. Diferente da metade Norte, que sofre muito com a estiagem, mas não costuma ter enchentes, algo mais restrito ao Centro. No Sul, são as duas coisas. Por isso, usar a ciência e exercer pressão política e movimentar as lideranças vai ser fundamental. Para resolver isso, é preciso investimento maciço e esse tipo de coisa se obtém normalmente através da boa vontade política.
