Os cuidados em dias quentes

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Os cuidados em dias quentes

O calor pode desencadear AVCs e representa maior risco para a população idosa

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Os cuidados em dias quentes
(Foto: Jô Folha)

As altas temperaturas do verão exigem atenção redobrada com a saúde e podem aumentar o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O alerta foi feito pelo médico Antônio Carlos Guarienti, professor de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) Caic, em Pelotas, e pelo neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro.

De acordo com o especialista, o calor provoca desidratação e alterações na pressão arterial, fatores que favorecem a formação de coágulos no sangue, principal causa do AVC isquêmico, responsável por cerca de 80% dos casos. Para o neurocirurgião, o próprio calor gera uma desidratação natural das células, o que aumenta a possibilidade de coagulação do sangue. “E isso tem um maior potencial de gerar AVC”, explica Maia.

Em Pelotas, Antônio Guarienti reforça que a hidratação adequada é uma das principais medidas preventivas. “É fundamental ingerir bastante água ao longo do dia, em média de dois a três litros, evitando bebidas alcoólicas e o excesso de cafeína, que contribuem para a desidratação”, orienta. Segundo ele, o consumo de álcool, comum durante as férias e períodos de lazer, também pode agravar o risco ao favorecer arritmias cardíacas e queda da pressão arterial.

Controlar a pressão arterial

A pressão, aliás, merece atenção especial no verão. Orlando Maia explica que, devido à vasodilatação causada pelo calor, há tendência de redução da pressão arterial, o que pode favorecer tanto a formação de coágulos quanto o surgimento de arritmias. “Quando o coração bate fora do ritmo, aumenta a chance de formação de coágulos que podem migrar para o cérebro”, afirma. O médico alerta ainda para a importância de manter o tratamento. “Mesmo no verão, o paciente não deve suspender ou alterar a medicação sem orientação médica e precisa monitorar a pressão com regularidade”, destaca.

A alimentação equilibrada também é apontada como aliada na prevenção. Guarienti recomenda o consumo de frutas, legumes e alimentos ricos em potássio, como banana e abacate, além da redução do sal e das gorduras. Orlando Maia acrescenta que doenças crônicas mal controladas, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado, aumentam significativamente o risco de AVC, inclusive em pessoas mais jovens. “Cada vez mais vemos pacientes com menos de 45 anos desenvolvendo a doença, muito em função do estilo de vida moderno”, observa.

Vida saudável

Outro fator de risco importante, segundo os especialistas, é o tabagismo. Maia ressalta que o fumo está diretamente ligado tanto ao AVC isquêmico quanto ao hemorrágico. “A nicotina reduz a elasticidade dos vasos e favorece processos inflamatórios, contribuindo para aneurismas e entupimento das artérias”, explica.

A recomendação dos médicos também é evitar exposição prolongada ao calor, permanecer em ambientes frescos e sombreados, usar protetor solar e chapéu, além de evitar atividades físicas intensas nos horários mais quentes do dia. “Caminhadas leves pela manhã ou no fim da tarde são boas opções”, orienta Antônio Guarienti. Dormir bem e controlar o estresse também ajudam a proteger o coração e o cérebro.

Atenção aos sinais

Os especialistas alertam ainda para a importância de reconhecer os sinais de um AVC. Fraqueza ou paralisia súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar, confusão mental, perda de visão e tontura intensa são sintomas que exigem atendimento imediato. “Ao perceber qualquer sinal sugestivo de AVC, é essencial procurar ajuda médica imediatamente. Trata-se de uma emergência”, reforça Guarienti.

Segundo Orlando Maia, o AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. “Quando não mata, deixa sequelas importantes, que afetam não só o paciente, mas toda a família”, afirma. Ele destaca que hoje existem tratamentos eficazes, desde que o atendimento seja rápido. “Há medicamentos que dissolvem o coágulo, mas que só podem ser usados até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Em alguns casos, é possível retirar o coágulo por meio de um cateter, procedimento que pode ser feito até 24 horas depois”, explica.

É possível prevenir o AVC. “Hidratação, alimentação saudável, controle da pressão, prática regular de exercícios, uso correto dos medicamentos e abandono do cigarro fazem toda a diferença”, resume Orlando Maia. “É uma doença grave, mas que pode e deve ser evitada.” (Com informações da Agência Brasil).

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