Semana da PcD: cenário em Pelotas é de dificuldades de locomoção

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Semana da PcD: cenário em Pelotas é de dificuldades de locomoção

Calçadas esburacadas, falta de rampas de acesso e desrespeito de motoristas estão entre os desafios constantes

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Semana da PcD: cenário em Pelotas é de dificuldades de locomoção
Grande parte das calçadas de Pelotas está em péssimo estado (Foto: Jô Folha)

Começa nesta quarta-feira (21) a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em Pelotas, a programação da 25ª edição do evento conta com diversas atividades que se estendem até o dia 28, com objetivo de acolher as Pessoas com Deficiência (PcDs) e conscientizar a população. Uma das demandas reiteradas constantemente pelos PcDs pelotenses envolve as dificuldades de acesso enfrentadas por eles ao transitar pelos espaços públicos da cidade.

Desde a falta de rampas facilitadoras de acesso e a incidência de buracos até o desrespeito dos motoristas frente às faixas de sinalização, os relatos abrangem diversos aspectos que dificultam a rotina dos PcDs em ambiente urbano. Além disso o preconceito ainda é uma pauta a ser vencida, conforme o relato de Michel Ribeiro, 44 anos. A deficiência física que acomete suas duas pernas já foi motivo de exclusões. “Ainda tem [discriminação]. Acham que somos pobres coitadinhos, que não conseguimos fazer nada”, aponta.

Acesso comprometido

Ribeiro complementa que os maiores problemas na cidade para PcDs são causados pelos defeitos do mobiliário urbano e as calçadas sem acesso necessário. “O próprio Calçadão, que é uma área central, tem uns buracos que correm o risco de um deficiente visual cair dentro, e nos bairros tem as revendas de carro, colocam os carros em cima da calçada”, completa.

O cadeirante João Pedro Valdez, 21 anos, também considera a pouca acessibilidade um dos principais desafios que enfrenta ao se locomover pela cidade. Muitos locais públicos não possuem rampas de acesso ou banheiros para deficientes, o que lhe deixa dependente de ajuda. “Houve situações em que eu fui em uma sorveteria e na entrada tinham alguns degraus, então a atendente tinha que vir até mim, perguntar o que eu queria e trazer, na rua mesmo”, lamenta.

Obstáculos constantes

A mobilidade na cidade também é um assunto pertinente para Jorge Machado, 54. Deficiente visual, o homem tinha cerca de 40 anos quando ficou completamente cego. Como trabalhava anteriormente de vendedor ambulante, conhece a cidade e hoje usa isso como ajuda nos deslocamentos. “Eu tenho aquela imagem que ficou gravada na cabeça e sei o nome das ruas”, diz.

Assim como destacou Ribeiro, Machado diz que a maior dificuldade de um deficiente visual em Pelotas são as calçadas esburacadas. Porém, para ele, como o problema se alastrou ao longo do tempo, deixou de gerar risco apenas para PcDs, e passou a atingir todos. “Muitas vezes venho caminhando e tem lugares que a bengala não consegue identificar. Quando vê, eu coloco um pé dentro de um buraco, arriscando a quebrar, mas isso não é só nós […]. Qualquer pessoa passa por isso, porque inúmeras calçadas da cidade estão nesse estado”, aponta.

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