O Agro precisa ser ouvido

Editorial

O Agro precisa ser ouvido

O Agro precisa ser ouvido
(Foto: Jô Folha)

É tema recorrente deste espaço editorial: a Zona Sul muitas vezes precisa gritar para levar suas pautas adiante. Pela distância dos grandes centros de poder, mas também pela baixíssima representatividade política, é fato que nós precisamos, historicamente, de mobilizações mais estruturadas do que outras regiões do Estado e do país para que consigamos alcançar o mínimo. Brasília e até Porto Alegre ficam muito longe, mas isso não é motivo para que não consigamos alcançar avanços. Foi assim com diversas questões e chegou a vez do nosso agronegócio.

Pois bem. O caso dos pêssegos é um exemplo claro. Hoje, Edegar Pretto e outras figuras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estarão em Pelotas para ouvir lideranças ligadas à cadeia e provavelmente anunciar ações de suporte à crise vivida pelo setor. Curioso, já que no dia 25 de novembro, em reunião com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), foi dito que não era possível oferecer um pacote de socorro. O que mudou de lá para cá? A pressão aumentou, simples assim. Ou seja, ela funciona.

A fala de Adriano Bosembecker, na edição de fim de semana, é firme e direta: não pode ser pouco, senão não adianta. Ou seja, que a Conab traga algo de fundamento hoje. Se não trouxer, a saída é fazer pressão novamente e, para isso, produtores e indústrias devem se alinhar. Pelotas e Zona Sul produzem 95% da fruta no país. Ou seja, é preciso um olhar especial para cá, já que estamos todos no mesmo barco. Quando a coisa aperta, como está sendo neste ano, todos sofrem.

Infelizmente, tornou-se rotina o agronegócio precisar correr atrás para ser ouvido. Faz pouco tempo que os tratoraços trancavam ruas e rodovias em um gesto de desespero por renegociação de dívidas. Agora, uma cadeia inteira sofre com uma série de desventuras e vê sua própria existência correr riscos se a coisa não melhorar. Com a combinação entre crise climática, dificuldades econômicas e falta de políticas públicas firmes e permanentes, o agronegócio sangra constantemente. Algo precisa mudar.

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