Sem tapumes, Conservatório volta à paisagem urbana, revitalizado

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Sem tapumes, Conservatório volta à paisagem urbana, revitalizado

Cerimônia que oficializou o fim das obras de restauração aconteceu na noite de ontem

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Atualizado quinta-feira,
18 de Dezembro de 2025 às 13:59

Sem tapumes, Conservatório volta à paisagem urbana, revitalizado
Solar tem quase 200 anos (Foto: Jô Folha)

O histórico sobrado de quase 200 anos, que abriga o Conservatório de Mùsica da Universidade Federal de Pelotas, vem passando por um intenso processo de revitalização. A antiga residência de Domingos de Castro Antiqueira, o Visconde de Jaguari, passou por diferentes etapas de restauro, nos últimos três anos, a partir de projeto conduzido pela Santa Fé Produtora & Patrimônio, da produtora cultural Josiele Castro, com parceria da Associação dos Amigos do Conservatório de Música (Assamcon) e Reitoria da UFPel. Obra que começou pelo telhado e terminou com a pintura externa foi dada como finalizada e entregue à comunidade na noite de ontem, em um evento festivo.

Em 2022, o Conservatório de Música, por meio da parceria entre a Santa Fé Produtora & Patrimônio, teve o projeto Restauro do Conservatório de Música de Pelotas aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura Estadual. Inicialmente, estava prevista a troca de 565 m2 de telhado, substituição total de madeiramento e colocação de manta térmica e impermeável e placas OSB para subcobertura. O projeto orçado em R$1 ,264 milhão foi iniciado em março, quando os tapumes passaram a cobrir parcialmente a fachada do prédio construído entre 1832 e 1835.

Posteriormente, na segunda fase, as intervenções foram voltadas para aspectos internos do Conservatório, como a colocação de um elevador e rampa de acessibilidade, restauro das aberturas externas e conservação curativa da fachada.

A terceira etapa, cujas obras estão hoje sendo entregues, promoveu a acessibilidade de um banheiro, o restauro de um telhado auxiliar e o restauro final de fachada com pintura geral. A execução do projeto é da Maximize Engenharia

A definição da nova paleta de cores foi feita pela equipe técnica – composta pelo arquiteto Lessandro Rosa e as conservadoras Flávia Faro e Isabel Halfen Torino, após uma análise estratigráfica. A descoberta foi possível por meio de aberturas de janelas de prospecção nas paredes.

A partir dessa estudo foi possível examinar as camadas de tinta e identificar a coloração original, revelando tons que estavam escondidos há anos. Os restauradores chegaram até a camada acima do reboco. A partir das cores que foram encontradas ali foi possível estabelecer os tons mais aproximados.

A terceira etapa do restauro do Conservatório também foi executada com recursos da Lei de Incentivo à Cultura estadual. O projeto da Santa Fé foi contemplado com o valor de R$1.480.593,16.

Restauro era a meta

A atual diretora desta unidade de ensino, professor Magali Richter, comenta que fazer essa entrega à comunidade do Conservatório e à comunidade pelotense do prédio revitalizado é uma emoção muito grande. “Há 36 anos (que é o tempo que eu estou na Universidade), eu posso dizer que quase que diariamente eu subo e desço aquelas escadarias do Conservatório. E toda vez que, por exemplo, havia chuvas — e a comunidade do Conservatório, funcionários, professores e alunos, saíamos atrás de baldes e bacias para ir atrás das goteiras, para que não danificasse os nossos pianos. Todos aqueles objetos, aqueles móveis antigos, principalmente os pianos, são preciosos”, relembra a diretora.

Diante dessa situação, o restauro era a única forma de manter o imóvel e as preciosidades históricas que o prédio abriga. A professora entende que a Universidade fez o possível, porém os recursos necessários para o que se fez nos últimos três anos estavam além do que a UFPel poderia investir.

O acerto com o Sanep, que cedeu o piso térreo do prédio, também foi outra vitória que só facilitou essa revitalização. “Nós tínhamos essa vontade de fazer essa permuta, de forma que o Conservatório ficasse com a parte de baixo para ampliar nossas atividades, o nosso espaço todo e, também, logicamente, como o Sanep é uma instituição muito importante para toda a cidade, que ele também ficasse bem colocado”, relembra.

Emoção

“Graças ao bom Deus e ao trabalho e à colaboração de muitas pessoas, aconteceu essa permuta. Eu vou citar alguns, que veio já lá desde o Pedro Hallal quando foi reitor, da Isabela Andrade, da professora Úrsula (enquanto diretora do Centro de Artes ela foi incansável conosco). Depois ela assumiu como vice-reitora, mais uma vez estando ao nosso lado, lutando conosco; agora como reitora. E, lógico, toda a nossa comunidade do Conservatório: sejam professores, alunos, funcionários, a direção do Conservatório e a Assamcon, que foi incansável”, comenta.
Foi, inclusive, através da Associação de Amigos que a Santa Fé pôde fazer essa parceria. “É muita alegria, muita emoção. Nós estamos em um momento de êxtase’, fala a diretora.

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