Grupo de Teatro Província – Núcleo Dois estreou a peça Fragmentos, em 23 de agosto de 1975. O espetáculo, com direção de Nara Keiserman, foi encenado no Clube Caixeiral. No elenco estavam os atores Zé de Abreu, Jorge Alberto Dias, Mára Lucia Roig e Vânia Cunha. Com trilha sonora de João Manta.
Para a temporada de uma semana, a companhia transformou o Caixeiral num teatro de arena. Num dos salões do clube foram levantados três lances de arquibancadas em forma de quadrado, mas com um dos lados abertos. Os atores ficaram ao centro, em um cenário todo de caixotes, que assim como os figurinos serviam apenas de ponto de apoio.
Com construção coletiva, Fragmentos era uma peça experimental, dividida em três unidades: gênese, caos e cosmos. Na entrada do espetáculo o público recebia lanternas, que iriam iluminar os atores. O equipamento foi conseguido através de parceria com a empresa de supermercados Real, apoiadora do evento. A estreia ocorreu dentro das celebrações de aniversário do Diário Popular.
Iniciativa de Nara e Abreu
A companhia surgiu em Pelotas por iniciativa da atriz pelotense Nara Keiserman e do marido dela, na época, o ator Zé de Abreu, hoje conhecido nacionalmente por atuar em dezenas de novelas da TV Globo. A formação de Nara vinha do Teatro Província, de Porto Alegre, um dos mais importantes da capital, inclusive, o grupo terá sua história registrada em livro, que deve sair este ano.
“Comecei a namorar o Zé e casamos logo em seguida. Depois de um tempo resolvemos morar em Pelotas, acho que foi em 74, e fizemos uma espécie de Núcleo Dois do Provínica”, relembra a atriz e professora. A ideia era fazer um trabalho semelhante ao que ela tinha praticado em Porto Alegre. Um pouco antes, Zé de Abreu, que é paulista, foi morar em Porto Alegre e tinha entrado para o grupo.
Em Pelotas, Nara deu aulas de teatro na Licenciatura em Educação Artística na Universidade Federal. “Daí saíram alguns atores e os outros, de um curso que demos na Escola Técnica, era um curso de teatro optativo.”
A turma de alunos da Escola Técnica formou o Desilab, com o qual os casal de atores montou outros espetáculos, com muito sucesso. “Foi maravilhoso o trabalho. Viemos para um festival, bem importante, aqui no Rio”, relembra a professora.
Grávida na época, Nara não pode ir à estreia de Fragmentos, porque o filho mais velho do casal, Theo Keiserman de Abreu, tinha nascido uma semana antes. “Ele fez 50 anos no dia 13 de agosto, nesse dia o Zé não pode ir ao hospital comigo porque estava na casa do João Manta, gravando a trilha da peça”, relembra.