Oito de cada dez usuários do Polo Rodoviário Pelotas dizem “SIM” à permanência temporária da Ecovias Sul, até ser definido quem irá assumir o trecho. O percentual de 85% foi identificado na pesquisa solicitada pelo jornal A Hora do Sul ao Instituto Pesquisas de Opinião (IPO). Os principais resultados estão publicados na edição deste final de semana e não deixam de ser surpreendentes. O alto valor do pedágio mantém-se como o calcanhar de Aquiles. Ainda assim, há o reconhecimento quase majoritário da qualidade dos serviços e da segurança ao transitar pelas estradas.
O leilão programado pelo Ministério dos Transportes para o Polo Pelotas está agendado para o segundo semestre do ano que vem, e o próximo modelo deve iniciar apenas em 2027. Até lá, com o encerramento do contrato atual em 3 de fevereiro, caberá ao Dnit a responsabilidade pelos serviços básicos. E aqui impõe-se o óbvio: só se oferece atendimento de alto nível em rodovias com recursos — muitos recursos. E isso, em se tratando de governo federal, qualquer um consegue descrever o cenário financeiro. É sempre restrito e sob constante risco de contingenciamento.
O olhar dos usuários, levantado com 900 motoristas, reforça o discurso das autoridades políticas e lideranças setoriais defensoras de um contrato temporário enquanto o leilão não acontece. Em resumo, é melhor garantir, por meio de uma tarifa mais baixa, o quadro atual — com ambulâncias, guinchos, socorro mecânico e pavimento em boas condições — do que arriscar perder quase tudo e ainda ver a demora nas ações consideradas urgentes nas mãos do serviço público. O Dnit, por óbvio, não é o vilão da história. É preciso destacar: cumpre seu papel com a capacidade e a expertise habituais, dentro do que lhe oferecem. Se recebe verba robusta, o trabalho é um; com limitações orçamentárias, a entrega é outra.
O Ministério dos Transportes argumenta considerar a opinião da bancada gaúcha na tomada de decisão hoje colocada à mesa. É contra qualquer contrato-tampão. Mas, se escutasse a opinião dos prefeitos favoráveis ao modelo atual, com um valor de pedágio menor, e agora os 85% dos usuários do Polo também apoiadores da ideia, manteria a decisão?
Quem circula por áreas pedagiadas no Rio Grande do Sul e em outros estados — e também naquelas sob responsabilidade do governo federal — não tem dúvida: as primeiras são infinitamente superiores em qualidade e segurança. O peso do dinheiro investido faz a diferença. É outro ritmo. Enquanto as concessões têm obrigações contratuais, as estradas sob o guarda-chuva federal dependem do escasso dinheiro público. Caso a União atrase o pagamento dos prestadores de serviço nas rodovias, os usuários deixam de contar com a assistência no dia seguinte. As empresas se retiram. É assim que funciona.
A pesquisa do IPO foi além dos números, e as entrevistas deixam claro como os condutores percebem a concessão. Querem continuar circulando em estradas com serviços completos e hierarquia definida. Bom pavimento em primeiro lugar, socorro eficiente e sinalização de qualidade na sequência, sem deixar de serem críticos ao alto valor do pedágio, principal motivo das reclamações.
Ao apresentar o resultado do levantamento, o jornal A Hora do Sul cumpre o seu papel de apontar caminhos e estimular a reflexão pelo bem do desenvolvimento regional. Que a decisão tomada a partir de 3 de fevereiro seja a melhor para a Zona Sul.