Recitando um dos meus textos para um senhor que encontrei por acaso, notei seus olhos se enchendo de lágrimas.
Vi de perto a emoção chegando ao seu peito e tocando seu coração, assim como aquele texto tocou o meu na primeira vez que o escrevi.
Lembro de quando o texto nasceu de mim, e sinto que o escrevi por pura necessidade de ser ouvida em nossa sociedade.
Jamais me senti tão notada como naquele momento, vendo aquele homem se emocionar ao me contar sobre seu pai, que deveria estar completando mais um ano de vida; contudo, infelizmente, a vida tinha outros planos.
“Suas palavras foram um presente enviado diretamente por ele.”
Me contou que seu pai escutava mais do que falava, um homem que cultivava o amor pela leitura e sabia ouvir as pessoas.
Naquele momento, notei a vida me ensinando outra lição e tocando diretamente meu coração, agarrando minha mão e pedindo calma.
Às vezes me sinto movida pela pressa da vida, esquecendo de escutar o que o mundo manifesta para nós, pessoas intensas.
A escrita me move para o lado manso da vida.
Escrevo para que seja reencontro para as almas daqueles que não conseguem sentir a calma.
Meus textos se ressignificam em pessoas que já partiram deste plano, viram amores e desamores, abraçam alegrias e dores.
Enquanto todas essas metamorfoses acontecem pelo olhar do leitor, vejo a minha primeira intenção se tornar abrigo para outro coração.
Vira destino para os olhos de quem lê.
Esse é o poder daquele que escreve: cria abrigo para a mente do próximo.
Abraça mesmo de longe, entende sentimentos, luto, dor.
Cura ao mesmo tempo que ensina, e ensina ao mesmo tempo que aprende.