A Região Sul do Estado dará nesta quinta-feira (4) um passo a mais para fortalecer a capacidade de enfrentar eventos climáticos extremos. Será lançado, às 14h, no auditório da Sicredi, em Pelotas, o Movimento Sul Resiliente, iniciativa que reúne universidades, defesa civil, gestores municipais e instituições regionais para construir, de forma integrada, um plano de adaptação e resiliência climática com horizonte entre 2030 e 2050.
Liderado pela Agência de Desenvolvimento da Zona Sul, o movimento busca unir esforços atualmente dispersos entre prefeituras, academia e órgãos do Estado. A meta é transformar experiências isoladas em uma política pública regional.
Região pressionada por eventos extremos
Nos últimos anos, o Rio Grande do Sul viveu episódios sucessivos de ciclones, alagamentos e enchentes — como a tragédia de 2024, por exemplo, que mostraram a fragilidade das cidades e a urgência de ações bem articuladas. A professora Tamara Beskow, do Núcleo Integrado de Previsão da UFPel e integrante do movimento, destacou que a Zona Sul já possuía iniciativas voltadas à resiliência climática, mas ainda fragmentadas. “Esses eventos não respeitam limites administrativos. O que acontece em Pelotas impacta o Capão do Leão; o que ocorre em Arroio Grande chega até o Rio Grande. Precisamos pensar como uma região”, afirmou.
O Movimento Sul Resiliente nasce justamente para integrar essas ações e, nos próximos quatro anos, elaborar um Plano Regional de Adaptação e Resiliência, documento que definirá estratégias de curto, médio e longo prazo — desde manejo ambiental até infraestrutura e políticas sociais.
Defesa Civil foca na integração como prioridade
À frente da Defesa Civil Regional, o Coronel Márcio André Facin destaca que a instituição já atua como ponte entre municípios, mas que a criação do movimento amplia esse alcance. “Não é um projeto de governo, mas de região. A ideia é compartilhar informações, estruturar respostas e evitar que cada cidade tente resolver, isoladamente, problemas que são comuns”, aponta.
Facin ressaltou também o avanço no monitoramento hidrometeorológico: 15 novas estações, consideradas de última geração, estão sendo instaladas em pontos estratégicos — entre eles, a Colônia Z-3, o Canal São Gonçalo e áreas do entorno da Lagoa dos Patos. O objetivo é aumentar a precisão dos alertas e reduzir o risco de surpresas como as que marcaram 2024.
Educação e saúde entram na pauta
Embora a Defesa Civil seja um dos pilares do movimento, o plano também vai mobilizar áreas como educação, saúde, economia e infraestrutura. Segundo Tamara, a escolha reflete a necessidade de abordar a resiliência de forma ampla: “A crise climática não afeta todos de forma igual. Identificar áreas de risco, atualizar planos diretores, melhorar o atendimento em saúde e educar desde a infância sobre prevenção são partes do mesmo desafio”, explica.
A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, participará do evento apresentando um projeto levado recentemente à COP30, reforçando o papel das escolas na formação de cidadãos preparados para lidar com emergências climáticas.
Próximos passos
O encontro desta quinta vai ser destinado a representantes de instituições públicas e privadas — prefeituras, universidades, órgãos ambientais e setores de segurança e saúde, sem participação aberta do público. A etapa seguinte, porém, ocorrerá nos municípios, que deverão realizar debates locais com suas comunidades. Segundo Facin, o movimento será de todos, desde imprensa, escolas, conselhos municipais e entidades de bairros. “A resiliência depende da participação de todos os setores”, afirma.
Com o lançamento, a fase de mobilização regional é iniciada. Após ouvir cada município, o Movimento Sul Resiliente irá consolidar diagnósticos, priorizar ações e elaborar o Plano Regional — documento que servirá como referência para políticas públicas, captação de recursos e estruturação de respostas às emergências climáticas.
