Brasil supera o Aimoré e levanta a Copa FGF de forma invicta

Copa Professor Ruy Carlos Ostermann

Brasil supera o Aimoré e levanta a Copa FGF de forma invicta

Rubro-Negro fez 2 a 0 no Aimoré no Bento Freitas, levou a taça sem perder um jogo e garantiu vaga na Recopa Gaúcha

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Atualizado domingo,
30 de Novembro de 2025 às 22:36

Brasil supera o Aimoré e levanta a Copa FGF de forma invicta
(Foto: Jô Folha)

Na noite em que o Brasil se despediu do CNPJ associativo, o Bento Freitas escolheu um roteiro à altura da própria mitologia. Arquibancadas cheias, tensão no começo, explosão de alegria em poucos minutos e, ao fim, taça erguida sob o coro do hino: “torcida do nosso campeão”.

Ao vencer o Aimoré por 2 a 0 na decisão deste domingo, com gols de Murilo Cavalcante e Wesley Santos, ainda no primeiro tempo, o Xavante conquistou a Copa FGF – Troféu Professor Ruy Carlos Ostermann, confirmou a campanha invicta e voltou a levantar uma copa estadual organizada pela Federação Gaúcha de Futebol pela primeira vez desde a Copa João Giugliani Filho, em 1995.

Três minutos para a história

O início não teve nada de tranquilo. A Baixada, que desde o aquecimento cantava as músicas e agitava bandeirões, viu um início de primeiro tempo travado. Aos poucos, o Brasil começou a empurrar o jogo para o campo ofensivo, mas a partida seguia amarrada. Até que em três minutos tudo mudou.

Aos 31, o Rubro-Negro enfim encontrou o caminho do gol. Em jogada pela esquerda de Wesley Santos, a bola sobrou para Murilo Cavalcante na entrada da área. O capitão, responsável por erguer a taça, foi também quem inaugurou o marcador, chutando no cantinho e fazendo 1 a 0. A torcida, que pediu “força e coragem” desde a entrada do time, pareceu empurrar a bola para o fundo das redes.

Mal deu tempo de o Índio Capilé respirar. Aos 34, nova chegada xavante, mais uma infiltração pelo lado esquerdo de Wesley Santos terminou em gol. Desta vez dele próprio, que chutou no canto direito de Enzo, que nem se mexeu: 2 a 0.

Com dois gols em sequência, o Brasil passou a controlar o ritmo. Fechou os espaços atrás, reduziu o campo do Aimoré e levou a partida para o intervalo com a sensação de que a taça estava ao alcance das mãos.

No segundo tempo, a equipe xavante administrou com maturidade a vantagem construída. Sem se encolher, adiantou a marcação quando preciso, evitou que o Aimoré transformasse o jogo em pressão desordenada e controlou o ritmo no meio-campo. Quando os visitantes conseguiram furar a primeira linha, o goleiro Tiepo apareceu com segurança nas bolas aéreas e nas finalizações de média distância, garantindo que o placar não se mexesse e assegurando a vitória rubro-negra até o apito final.

Campanha invicta

O troféu ganhou um peso extra quando se volta alguns meses no calendário. Em 12 de outubro, depois de uma goleada sofrida em jogo-treino contra o Grêmio, a direção xavante decidiu demitir o técnico Emerson Cris, que havia comandado o clube na Série D e iniciado a Copa FGF.

A escolha foi por um velho conhecido da Baixada. No dia 13, o Brasil anunciou Gilson Maciel, o “Cabeção”, ex-artilheiro rubro-negro e goleador do Campeonato Gaúcho de 1992, como novo treinador.

Gilson chegou para a sequência da Copinha com pouco tempo de trabalho, elenco curto e um cenário de desconfiança. O time vinha de frustrações recentes em competições nacionais, lutava com limitações financeiras e ainda atravessava o debate interno sobre a transformação em SAF. A partir dali, a campanha na Copa FGF virou espécie de fio condutor da temporada: cada jogo passou a ser usado como laboratório tático e emocional para o clube que está se redesenhando.

Com a bola rolando, o Brasil terminou em terceiro lugar a fase classificatória, com 13 pontos em sete partidas (3 vitórias e 4 empates), resultado que fizeram o clube ter de disputar as quartas de final. No mata-mata, o Rubro-Negro manteve a invencibilidade. Eliminou o Juventude com uma vitória por 2 a 1 em Caxias do Sul e um 2 a 0 em Pelotas. Nas semifinais, passou pelo Gaúcho nos pênaltis após dois empates (1 a 1 fora e 0 a 0 em casa), em disputas que testaram os nervos da equipe e da torcida.

Já na final, depois do 1 a 1 no Cristo Rei, em São Leopoldo – o Aimoré saiu na frente e Wesley Santos empatou para o Brasil –, o Xavante chegou ao domingo dependendo de uma vitória simples em casa para transformar a série de 14 jogos sem derrota em taça. Com o 2 a 0 construído no Bento Freitas, o time fecha a Copa FGF invicto e empurra a sequência positiva ainda mais adiante, numa das maiores séries da história do clube.

A raça xavante

Os números contam parte da história, enquanto os bastidores a outra. Ao longo da Copinha, o Brasil perdeu peças importantes por lesão e por saídas no mercado. Na reta final, o lateral-direito Yuri, titular ao longo do torneio, chegou suspenso à decisão e foi para a arquibancada. Alan, referência no meio-campo, ficou fora da última partida do ano por lesão no ligamento colateral medial do joelho. Em entrevistas recentes, Gilson Maciel vinha repetindo que quase nunca conseguia repetir a escalação de um jogo para o outro. E que, a cada baixa, a solução saía de dentro do próprio grupo.

Neste domingo, essa identidade esteve em campo: um time competitivo, disposto a correr mais que o adversário, e uma torcida que empurrou nos momentos de pressão e fez do Bento Freitas o cenário ideal para um jogo de taça. De quebra, o título garante ao Brasil vaga na Recopa Gaúcha de 2026, contra o Inter, além da presença assegurada na Série D do Brasileirão em 2026, ano em que será SAF.

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