Índices de inovação destacam a Zona Sul em cenário nacional
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira19 de Setembro de 2024

Desenvolvimento

Índices de inovação destacam a Zona Sul em cenário nacional

Ser polo educacional e contar com diversos institutos de pesquisa qualificam o cenário de Pelotas e Rio Grande

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Índices de inovação destacam a Zona Sul em cenário nacional
Parque Tecnológico de Pelotas. Foto: Michel Corvello

Dois levantamentos recentes, o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) e a plataforma online Atlas da Inovação, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacam diversas potencialidades sobre o cenário de inovação de Pelotas e Rio Grande. O recente índice do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) classifica o Rio Grande do Sul como o quinto estado mais inovador do país.

Privilegiada por ser uma região com universidades, institutos de pesquisa e, mais recentemente, parques tecnológicos, as cidades de Pelotas e Rio Grande têm protagonismo na região por conseguir, há alguns anos, desenvolver pesquisas científicas e tecnológicas aplicadas à indústria e ao setor empresarial.

Na avaliação do professor e superintendente de inovação e desenvolvimento interinstitucional da UFPel, Vinícius Campos, possivelmente, existam poucos lugares do mundo que tenham tamanha concentração de instituições de ciência, tecnologia e pesquisa em um raio de 50 quilômetros como Pelotas e Rio Grande.

“Isso faz com que se gere muito talento na região. Entretanto, eles precisam de condições para desenvolver novos negócios. Por isso, estamos trabalhando no sentido de criar mais parques tecnológicos, mais ambientes de inovação, incubação, enfim, para dar mais vazão para aquilo que as pessoas estão fazendo”, diz.

Lugar de desenvolvimento

Pensado para ser áreas destinadas à inovação, os parques tecnológicos são responsáveis por conectar atores de áreas como poder público, iniciativa privada, agências de fomento e instituições de ensino e de pesquisa. Em Pelotas, o Parque Tecnológico atua em três grandes áreas: tecnologia da informação e comunicação; tecnologia em saúde e biotecnologia e indústria criativa.

De acordo com a diretora executiva do parque, Rosâni Ribeiro, o espaço ainda conta com parceiros estratégicos que permitem criar ações de impacto. “Ao longo dos últimos anos, desenvolvemos projetos como o Robopel, que oportuniza a prática da robótica para alunos e professores, além da Criar-Lab, um laboratório de criatividade e inovação com Inteligência Artificial que já se tornou referência em todo o Estado”, conta.

Em Rio Grande, no Parque Científico e Tecnológico da Furg, com atuação em diversas áreas, mas também com foco em pesquisas sobre a economia do mar, o momento é de um melhor entendimento sobre os principais atores do município (gestão municipal, empresas e entidades empresariais), assim como o de aumentar o fomento na área de inovação a partir do novo programa desenvolvido na cidade, o Grande Pacto da Inovação, explica o professor e diretor do Oceantec – Parque Científico e Tecnológico da Furg, Artur Gibbon.

Conforme o diretor, um passo importante que vem sendo dado é o de mudar o pensamento das empresas locais de que é preciso ser de grande porte para desenvolver inovação dentro do seu âmbito de atuação. “Então, portais como o da CNI, que reúnem diversos estudos, redes de observatórios, com produtos de inteligência, outras forças da inovação, contribuem para aproximar a indústria local de Rio Grande com o Oceantec e com a cidade como um todo”, avalia.

Cases de sucesso

As empresas de base tecnológica com alto valor de mercado têm em comum, a grande parte delas, um processo de incubação inicial, avalia Campos. Em Rio Grande, Gibbon destaca a Augen – Engenharia e Inovação, voltada à digitalização dos processos de tratamento da água; TerraMares e a AlgaSul, na área de biotecnologias de microalgas.

Na avaliação de Campos, a região tem grande possibilidade de gerar cada vez mais valor dentro da área da economia do conhecimento. Em Pelotas, alguns destaques ainda dentro do Parque são a Fácil Consulta, plataforma parceira de médicos especialistas, voltada a disponibilizar horários com menor preço de consultas, sem mensalidades ou burocracia.

Fora do Parque, a startup Melhor Envio, com passagens pelos Ciemsul da UCPel e Parque Tecnológico, foi adquirida por R$ 83 milhões pela Locaweb em 2020.

Potencialidades versus dificuldades

Em termos de desenvolvimento de tecnologia, a Região Sul configura bem, especialmente nos rankings de patentes. Quando o cenário é o de criação de novas empresas e novos negócios em proporção ao cenário de indústrias locais, os índices também são positivos.

Na avaliação do professor Campos, dentre as principais dificuldades encontradas, consta a falta de conhecimento da população e de empresários perante os espaços de inovação nas duas cidades. “As pessoas precisam saber que é possível desenvolver projetos dentro da universidade. Que um pesquisador pode ter uma empresa, que uma empresa pode se apoiar em uma universidade de forma legal, constituída com contrato, e isso pode gerar um resultado positivo para o seu negócio”, pontua.

Destaque em patentes

Um dos motivos que melhor posiciona Pelotas e região nos índices de inovação é a liderança da UFPel no Estado no ranking de patentes, somada a um grande número de laboratórios, pesquisadores e instituições de ensino e pesquisa. Na UFPel, há muitos anos existe estímulo especial aos pesquisadores para o depósito de patentes. “Tem muita gente que diz que não adianta depositar patente, que não vai gerar um negócio, mas nós entendemos ao contrário. Comparado com outras instituições e institutos de pesquisa do resto do mundo, ainda fazemos muito pouco”, avalia.

 

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