O vereador Éder Blank (PSD) foi convidado pelo prefeito Fernando Marroni (PT) para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Pelotas. A movimentação coloca na berlinda o atual secretário, Anderson Schmidt, indicado pelo PP do vereador Michel Promove, hoje abertamente alinhado à oposição ao Executivo e lançado como candidato à presidência da Câmara em 2026 nesse campo oposicionista. O desgaste se acentuou depois da articulação de emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias que tiram recursos de algumas pastas para reforçar a Secretaria Rural. Atitudes que, nos bastidores, foram interpretadas como parte de uma disputa política para enfraquecer certas áreas e fortalecer outras.
Blank é ligado aos rodoviários e tem um mandato voltado ao meio rural. Diante desse cenário, o PT rompeu com o PP de Michel Promove e passou a mirar uma aproximação mais firme com outros partidos. Depois de Marcola (UB) ter deixado a Câmara para assumir uma secretaria, agora Éder Blank surge como novo nome cotado para o governo, dando sequência à tentativa de consolidar maioria na Câmara, atraindo o PSD para a base.
A eventual entrada de Blank no secretariado testa até onde outros partidos estão dispostos a ir na composição com o governo Marroni. Um dos motivos para a tentativa de aproximação com o PSD é que a relação com o PSB, de Cesinha, também anda azeda.
Mutirão ortopédico
Em reunião realizada em Rio Grande, o Ministério da Saúde se comprometeu a realizar em janeiro um mutirão para realização de cirurgias de ortopedia para aliviar a longa fila de espera da região. Além de representantes do Ministério, participaram do encontro a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira (PT), o presidente da Azonasul e prefeito de Pinheiro Machado, Ronaldo Madruga (PP), o deputado estadual Halley Lino (PT)e representantes do Grupo Hospitalar Conceição, Furg, Santa Casa e Conselho.
No início do ano, a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde apontou que há mais de 71 mil consultas eletivas na fila da Zona Sul, sendo 5.355 apenas em traumatologia/ortopedia, enquanto a Santa Casa de Rio Grande, referência regional, opera sob grave crise financeira. As cirurgias ortopédicas são procedimentos como prótese de quadril e joelho.
O dinheiro das crianças
O caso do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, trazido na edição de ontem, expõe um problema conhecido na política brasileira. Um dinheiro com destino importante, mas o controle é frouxo, e aí ele vira terreno perfeito para boas intenções… e talvez para más intenções disfarçadas. Em Pelotas, o Ministério Público apontou que, entre 2021 e 2022, quase R$ 1,2 milhão foram repassados a entidades sem o trilho básico de convênio, prestação de contas e documentação. Erro grave, ainda mais se tratando do dinheiro das crianças.
Esses repasses aconteceram no governo Paula Mascarenhas (PSDB). Agora, em 2025, já na gestão do prefeito Fernando Marroni (PT), a prefeitura firmou um TAC com o MP para mudar o rito daqui pra frente, com análise técnica obrigatória antes de liberar qualquer recurso. Há, porém, um ponto que merece ser “comemorado”. O MP, até aqui, não enxerga má-fé das entidades. Em um país onde assistencialismo muitas vezes vira disfarce para campanha, cabide de apadrinhado ou vitrine de líder religioso, é relevante que a investigação não tenha encontrado, pelo menos por ora, um esquema explícito de uso eleitoral desse dinheiro.
Isso não significa que está tudo bem. Pelotas precisa exigir três coisas: clareza sobre quem recebeu e quanto recebeu, responsabilização administrativa de quem autorizou pagamentos sem o caminho correto e garantia de que o TAC é mudança real na cultura da máquina pública. O Fundo não é para aliviar culpa de adulto no fim de ano. É para garantir o direito da criança o ano inteiro.
Conselho reativado
Foi publicado no Diário Oficial do Município o edital que abre caminho para a eleição do Conselho do Plano Diretor, que na prática é a escolha de quem vai sentar à mesa para decidir o futuro da cidade: o Plano Diretor é a lei que organiza o crescimento urbano, define onde pode ou não construir, como preservar áreas de risco e de interesse ambiental e que regras valem para o mercado imobiliário e para a população em geral. Em Pelotas, isso ganha um peso extra depois do decreto de agosto, em que a prefeitura limitou novas construções em áreas baixas — medida que irritou o Sinduscon, já que boa parte das apostas do setor da construção civil está justamente nessas regiões, mas que também atende a preocupações ambientais e de segurança, diante de alagamentos e eventos climáticos cada vez mais frequentes. Ao constituir a Comissão Eleitoral e reativar o Conselho do Plano Diretor, o município dá um primeiro passo para que esse tipo de decisão deixe de ser apenas um ato de governo e passe a ser debatida em um espaço institucionalizado, com representação de gestores públicos, construtores, moradores e demais usuários da cidade, conferindo mais transparência, participação social e força política às decisões sobre o uso e a ocupação do solo em Pelotas.