No ritmo apressado da cidade, poucas pausas parecem caber na rotina. Ainda assim, há dias que pedem silêncio, reflexão — e coragem. O Dia Nacional da Doação Voluntária de Sangue, celebrado ontem, é um desses momentos em que o país para, ainda que por um instante, para lembrar que viver também é compartilhar a vida.
O Hemocentro Regional de Pelotas promoveu uma ação voltada à ampliação da conscientização sobre a doação de sangue. Segundo Márcia Lages, assistente social do setor de captação do Hemopel, a proposta foi dar leveza ao dia, com música ao vivo e uma blitz da solidariedade, buscando conscientizar e afastar o medo que muitos ainda têm, aproximando a comunidade pelotense do hemocentro. “Estamos muito contentes com o resultado de hoje. Temos a meta de bater 100 doações e já estamos em 84 — até o momento da entrevista. Isso pra nós é muito importante: ver as pessoas virem e se unirem nessa corrente do bem.”
O Brasil, como tantos outros países, convive com a oscilação nos estoques de sangue. Há épocas em que falta, há outras em que sobra, mas nunca existe excesso quando o assunto é salvar vidas. Por isso, a data não é apenas comemorativa: é um chamado. Uma convocação gentil para que cada pessoa apta a doar lembre que, do outro lado, sempre há alguém esperando.
Alerta
Em Pelotas, os estoques dos tipos positivos estão adequados, enquanto os tipos O negativo e A negativo permanecem em nível baixo para atender à demanda do Hemocentro Regional, responsável por 23 municípios da região e três hospitais de grande porte.
Histórias como a de Matheus Teixeira reforçam essa necessidade. Ele chegava ao Hemopel para realizar sua segunda doação de sangue, algo que só passou a valorizar depois de estar do outro lado — deitado em uma maca de hospital, aguardando uma transfusão. “Sofri um acidente de carro e precisei de doação. Minha família fez campanha porque não tinha estoque, e naquele momento fiquei com muito medo de morrer. Só depois disso entendi o quão importante é ser doador”, conta.
Uma única doação pode salvar até quatro vidas. E, no dia em que doa, o voluntário também tem direito a um dia de folga, além de 50% de desconto em shows, teatros, jogos de futebol e outras atrações culturais. Mas, no final, o maior retorno costuma ser outro: o silêncio leve de saber que, em algum lugar, alguém recebeu uma segunda chance de viver porque você decidiu parar por poucas horas e doar.
Doe sangue no Hemopel
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