Depois de restauradas, as 14 telas que compõem a Via Sacra estarão de volta às paredes da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula. A entrega simbólica das obras de valor histórico e cultural significativo para a comunidade será feita nesta terça-feira (25), às 14h, pela equipe do Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura (Lacorpi), da Universidade Federal de Pelotas, que estava com as obras. O evento integra a programação da 7ª Semana Cultural da Catedral.
O projeto Restauração da Via Sacra da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula de Pelotas foi uma ação de extensão vinculada ao Projeto Unificado Lacorpi. O trabalho de recuperação das telas começou em 24 de fevereiro de 2023 e foi concluído em fevereiro de 2024. Porém, as obras permaneceram sob a guarda do Laboratório da UFPel até a finalização do restauro do piso das naves da Catedral.
Há cerca de 20 dias foi realizado o transporte das obras pelo setor de infraestrutura da UFPel, do Lacorpi para a Catedral. “A UFPel se responsabilizou pelo transporte, nós acompanhamos com os alunos, porque é sempre uma experiência para eles também. Amanhã vamos começar a colocá-las nas paredes, depois que nós fizermos uma apresentação do processo de restauração”, explica a coordenadora do Lacorpi, professora Andrea Bachettini.
Trabalho maior nas molduras
As telas estavam muito sujas, mas as pinturas em si não estavam muito danificadas, elas quase não apresentavam craquelês, o que significa que as camadas de tinta estavam preservadas. Como as molduras em madeira (pinho de riga) são ovais, elas esconderam uma parte das telas retangulares. “Então tu vês um pouco da degradação das pinturas por causa da sensibilidade à luz”, explica a professora.
O trabalho maior ficou em torno das molduras que tinham uma camada de purpurina cobrindo as folhas de ouro originais. “Tinham ornamentos decorativos, que tinham caído e fizemos reproduções, descupinização, retiramos a purpurina dourada e optamos por deixar na folha de ouro original que estava bem preservada, também fizemos a reintegração das partes faltantes”, comenta Andréa Bachettini.
Telas de Morgari
As obras restauradas fazem parte de uma série de estações da Paixão de Cristo, doada em 1921 à Catedral. As telas são de autoria do artista italiano Luigi Morgari (Turim, 1857–1935) e foram realizadas em técnica de oleografia.
As telas medem 87,7 cm de altura por 66 cm de largura, e as molduras totalizam 148 cm x 88 cm x 8,2 cm. “Elas são grandes, olhando elas na parede não temos essa dimensão”, comenta a restauradora.
As pinturas, que representam os últimos passos de Jesus Cristo, estão instaladas ao longo das naves laterais da Catedral, compondo sua ornamentação desde 1950.
No próximo domingo, na missa das 18h, o padre Wilson Fernandes fará a benção das 14 estações, já recolocadas nos seus lugares.
