A safra de tabaco 2025/2026 na região Sul do Rio Grande do Sul deve registrar crescimento na produção e na área plantada. A projeção é da Emater/RS. Se as condições climáticas permanecerem favoráveis, o ciclo poderá alcançar 71,1 mil toneladas de folhas secas, ligeiramente acima das 70 mil toneladas estimadas na safra anterior.
Também tem aumento significativo a área cultivada, informa o engenheiro agrônomo da Emater/RS, Evair Ehlert. Em 2024/2025, foram plantados 26.768 hectares; para 2025/2026, a estimativa sobe para 28.874 hectares, distribuídos entre nove municípios produtores: Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Canguçu, Cerrito, Morro Redondo, Pelotas, Piratini, São Lourenço do Sul e Turuçu. O destaque é Canguçu, que ampliou de 9,5 mil para 11 mil hectares, consolidando-se como principal produtor regional.
Segundo Ehlert, não há expectativa de dificuldades de comercialização na próxima safra, mesmo diante do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Como a produção ocorre em regime de integração, as empresas associadas ao Sinditabaco garantem a compra do tabaco.
O ponto de atenção está na classificação das folhas, que pode variar em rigidez conforme a oferta internacional. “O tabaco tem preços mínimos definidos e segue a classificação normatizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em anos de maior oferta mundial, a classificação costuma ser mais rígida”, explica o agrônomo.
Impacto de R$ 1,6 bilhão
Com o preço médio de R$ 23 por quilo, a produção estimada para 2025/2026 deve injetar mais de R$ 1,63 bilhão na economia dos nove municípios. São 8.977 produtores, todos da agricultura familiar, que dependem diretamente da cultura. Apesar da relevância, a receita total ainda é superada pela soja, pelo arroz e pela pecuária de cortepresentes em mais municípios.
Lavouras
Após um período crítico de três semanas sem chuvas, a situação climática melhorou nas últimas semanas, permitindo boa recuperação das lavouras. “O tabaco sofre um pouco menos com estiagens curtas quando comparado a culturas sem irrigação”, aponta o técnico.
A região ainda registra áreas em fase de transplante, especialmente em São Lourenço do Sul e Turuçu. Onde as lavouras estão estabelecidas, as plantas se encontram em desenvolvimento vegetativo, e parte dos produtores já iniciou a colheita do chamado baixeiro, a primeira camada das folhas.
Inovações
Embora em ritmo mais lento que outras cadeias agrícolas, o tabaco também tem incorporado tecnologias que melhoram produtividade e reduzem o esforço manual. Entre as principais inovações adotadas na região estão: estufas elétricas automatizadas, com controle de umidade e temperatura; colheita mecanizada; sistemas automatizados de irrigação.
Da mesma forma, cada vez mais produtores de tabaco estão apostando no uso de produtos biológicos no manejo de pragas e doenças; ampliação do plantio direto na palha; adoção de fertirrigação; rotação de culturas com milho, feijão, abóboras, melão e melancia; e armazenamento de grãos em silos na propriedade, fortalecendo a diversificação pós-tabaco.
