Eu quero tanto ser casa para a nova pessoa que em mim habita.
Gostaria de entregar todo o conforto que há em meus braços, para que ela pudesse provar do seu próprio abraço, do amor e do acalento.
Para, finalmente, descansar a alma que já tanto cansou de lutar.
Quero ser lar para a minha versão humana.
Poder errar sem me culpar, chorar sem me julgar como uma pessoa fraca.
Sinto que passei tanto tempo sem conseguir me reconhecer no espelho.
Não me enxergava sem as marcas das pessoas em minha vida.
Daquelas que lapidaram palavras em minha alma, me obrigando a ler cada uma delas e a me resumir naqueles títulos minúsculos.
Me tornei estranha para a minha própria pessoa.
Eu quero abrir os braços para a minha criança conseguir ver um pouco de esperança em minha versão adulta.
Pela primeira vez na vida,
quero parar de abrir o coração para agressão.
Quero oferecer ternura ao invés de tortura,
para me sentir pessoa.
Quero me acalentar para conseguir, de uma vez por todas, experimentar o sentimento de ser amada por mim mesma.