A demolição de uma residência número 762 da rua Gonçalves Chaves revelou a existência de armamento guardado no sótão. O achado trouxe à tona 270 balas e algumas granadas. O prédio era residência de Edmundo Berchon, chefe civil da Revolução de 1923 na região.
“Não tenho dúvidas de que o material encontrado data de 1923, ainda mais se levarmos em conta que ali residiu o chefe civil da Revolução”, comentou o então proprietário Bruno de Mendonça Lima.
O arsenal só foi encontrado porque os operários desmancharam a antiga mansarda para ali construir uma nova residência. O endereço, atualmente, é ocupado por uma imobiliária.
Quem foi Berchon
Natural de São Gabriel, Berchon nasceu em 1º de maio de 1864 e morreu em 14 de março de 1942, em Pelotas. Filho de Edmond Joseph Berchon Des Essarts e Amélie Justine Roux, era médico formado pela Faculdade da Bahia. Em 31 de março de 1891 foi nomeado médico do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Instalou um dos primeiros laboratórios para a produção de vacina no Brasil, sendo também pioneiro no uso do aparelho de raio-x no país.
Fundou no município uma ala do Partido Republicano Democrático dirigido pelo médico Fernando Abbott (1857-1924), em oposição ao governo republicano estadual em exercício. Participou da Revolução de 1923, sendo integrante da Aliança Libertadora após o conflito. A partir do surgimento do Partido Libertador, foi dirigente do Diretório Central pelotense. Era um membro atuante da comunidade, onde ocupou diferentes cargos como o de presidente da Biblioteca Pública Pelotense e do Jockey Clube e fundador do Asilo de Mendigos, por exemplo. Também foi Professor Honorário da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Pelotas. Foi casado com Antonia de Castro Chaves, com quem teve quatro filhos: Álvaro, Edmundo, Amélia e Vera, esta última mãe da agropecuarista Antonia Berchon Des Essarts Carvalho Sampaio (1918-2014).
Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; Academia Sul-Rio-grandense de Medicina