Quando meus pequenos pés descobriram o mundo, agarrei-me no poder das palavras para conseguir fugir de minhas guerras pela primeira vez na vida.
Nasceu naquele silencioso momento de descobrimento de um livro, uma nova pessoa.
Abrindo as páginas, sentindo o seu cheiro invadir o coração e o peito.
Comecei então, naquele instante, a fugir do mundo pequeno, das pessoas frias.
Fugi do meu pensamento vazio e nasci novamente, diretamente dos livros.
Esses dias, ao caminhar pela praça Coronel Pedro Osório, andando pelos corredores, senti as palavras vindo me receber e, sem nem mesmo perceber, já comecei a escrever.
Eu vi a infância agarrando a mão da mãe natureza, se encontrando diretamente com palavras soltas, ao ver uma pequena criança virando as páginas de um livro de história.
Enxergo-me nas lembranças e na voz do vento, me contando que, no fundo, continuo sendo a mesma menininha que guarda sonhos na alma e decora histórias para eternizar as pessoas e as palavras.
Quem lê sente mais, entende mais e ama mais.
Quem abre atentamente um livro, consegue entender as outras pessoas de uma maneira mais tranquila, pois já viveu mais de mil vidas por meio das páginas.
Criança que pratica a leitura aprende a dar os primeiros passos para escrever.
E quem escreve, dá os primeiros passos para ter coragem de viver.
