O número de mortes por câncer de próstata no Brasil saltou de 14.984 em 2015 para 17.587 em 2024. Conforme dados do Ministério da Saúde, uma média de 48 homens morreu por dia no último ano. Diante do aumento da prevalência da doença, a campanha Novembro Azul busca mobilizar o público sobre a importância do diagnóstico precoce para o alcance da cura — com índice de até 90% — e a mitigação de sequelas.
Apesar de ser o tipo de câncer mais incidente em homens, depois do de pele, a prevenção do câncer de próstata continua esbarrando em tabus e desinformação, mesmo após 22 anos da campanha Novembro Azul. Com a falta de prevenção e cuidado com a saúde, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 71.730 novos casos da doença para 2025, reforçando a urgência da conscientização.
O urologista João Siqueira ressalta os resultados promissores no tratamento e na cura de pacientes que buscaram o acompanhamento médico precoce e descobriram a doença em estágio inicial.
“O rastreio pode ser mais cedo, não é algo rígido que precise ser feito apenas aos 45 ou 50 anos. Com isso, conseguimos diagnosticar o câncer de próstata de forma mais precoce e oferecer opções que mantenham o paciente livre da doença mais precocemente”, afirma.
Falta de sintomas
O acompanhamento rotineiro com o urologista é essencial, pois o câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas no início, o que torna difícil identificar alguma anormalidade pelo próprio paciente.
“O câncer de próstata costuma causar sintomas apenas na fase metastática [etapa avançada da doença], podendo gerar dificuldades miccionais”, explica Siqueira.
No entanto, o médico alerta que sintomas como dificuldade para urinar e aumento da próstata também podem estar relacionados a uma condição benigna, conhecida como próstata aumentada.
Opções variadas de diagnóstico
Em razão do preconceito e do receio associados ao exame de toque, o urologista esclarece que a consulta médica não implica, por si só, a necessidade de realizar esse tipo de investigação. Já em caso de suspeita de câncer, há uma série de opções para chegar ao diagnóstico.
“Temos diversas formas de investigar o câncer de próstata, mas é um processo individualizado, de paciente para paciente. Existem opções que vão desde exames de sangue e de imagem até o exame físico”, destaca.
Cura e sequelas
Com altas chances de cura, o diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental também para a manutenção da qualidade de vida do paciente. Quanto mais cedo a doença for constatada, menor tende a ser o tumor e menores os impactos na funcionalidade urinária e sexual.
“Quando há uma lesão de próstata comprometendo uma área maior, a possibilidade de sequelas, como incontinência e impotência, é mais alta”, explica Siqueira.
A indicação de rastreio ativo é a partir dos 45 anos para pacientes com fatores de risco e dos 50 anos para aqueles sem predisposição.
“Quanto mais cedo atacarmos esse problema, maiores serão as chances de cura e de qualidade de vida”, reforça o urologista.
Fatores de risco para o câncer de próstata
- Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos;
- Histórico familiar: homens cujo pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos fazem parte do grupo de risco;
- Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais elevado.
