Michel Promove registra boletim de ocorrência por injúria racial

Crime

Michel Promove registra boletim de ocorrência por injúria racial

Cinco pessoas invadiram o plenário durante audiência pública na Câmara de Vereadores

Por

Michel Promove registra boletim de ocorrência por injúria racial
(Foto: Fernanda Tarnac)

O que era para ser uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Pelotas para debater os recursos destinados ao bem-estar animal terminou em denúncia de crime. O vereador Michel Promove (PP) registrou um boletim de ocorrência por injúria racial contra cinco pessoas que, saindo da plateia, invadiram o plenário durante a fala do vereador Cauê Fuhro Souto (PV).

O tema era sensível. Desde que a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026 entrou em debate, o valor de quase R$ 7 milhões destinado ao bem-estar animal vem sendo alvo de comparações com outras pastas, como as de Igualdade Racial e da Mulher, que têm previsão de R$ 2 milhões cada.

A audiência, conduzida por Marisa Schwarzer (PSDB) e Ivan Duarte (PT), buscava esclarecer a necessidade do investimento, justificado por uma ação civil pública que obriga o município a construir um novo canil com 150 vagas para cães e um gatil com 50 para gatos. Estiveram presentes o secretário de Qualidade Ambiental, Márcio Souza, e representantes da causa animal. Mas as manifestações contrárias de alguns parlamentares provocaram reações exaltadas de parte do público, transformando um espaço de diálogo em cenário de hostilidade.

O caso será investigado pelo Cartório de Combate à Intolerância da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). O inquérito policial já foi instaurado, e tanto as acusadas quanto as testemunhas estão sendo ouvidas.

Em solidariedade a Michel Promove, a sessão da Câmara de ontem teve como única pauta a aprovação unânime de uma moção de repúdio. Prefeitura, Secretaria de Igualdade Racial e Câmara também divulgaram notas públicas de apoio ao vereador e às demais vítimas de racismo.

O racismo é crime e deve ser tratado com a seriedade que exige, enquanto o ocorrido expõe o limite perigoso entre a defesa de causas e o descontrole emocional. A luta por direitos dos animais, uma causa de saúde na cidade, é legítima, mas perde força quando se dissocia do respeito humano.

É igualmente necessário observar como certos discursos de “solidariedade” soam oportunistas. Parlamentares que historicamente ignoraram as pautas raciais ou de gênero descobriram, de repente, uma nova sensibilidade. Não por convicção, mas por conveniência política e por simples oposição ao Executivo. O resultado é um debate apodrecido, em que até causas legítimas se perdem na guerra de versões. Quando o parlamento troca o compromisso público pela encenação, nem os animais, nem as pessoas, saem defendidos de verdade.

Acompanhe
nossas
redes sociais