Mais de 116,1 mil pessoas, o equivalente a 35% da população, estão endividadas em Pelotas. Na cidade vizinha de Rio Grande, o percentual é ainda superior: 43% dos moradores estão devendo, o que representa cerca de 84,1 mil rio-grandinos. Somados, os dois municípios são responsáveis por mais de R$ 1,2 bilhão em dívidas. Em comparação a setembro de 2024, o volume do passivo das cidades aumentou em quase R$ 354 milhões.
O crescimento da dívida decorre do aumento no número de devedores em relação ao mesmo período de 2024. Em Pelotas, houve um acréscimo de mais de 13,6 mil nomes de moradores no Serasa. Em Rio Grande, o percentual de aumento foi de 11%, com 8,8 mil pessoas a mais. Já o ticket médio das dívidas varia entre R$ 1,7 mil e R$ 2 mil.
O aumento do comprometimento financeiro nas duas maiores cidades da Zona Sul acompanha o cenário estadual e nacional. O Brasil registrou, em setembro, o maior patamar de endividamento da série histórica, com o ingresso de 318 mil novos consumidores inadimplentes. Atualmente, são 79 milhões de brasileiros endividados.
No Rio Grande do Sul, o Mapa da Inadimplência de setembro revelou que 43,89% da população adulta tem dívidas — o equivalente a 3.895.060 pessoas, o que representa um crescimento de 5,81% em relação ao mês anterior. Juntas, essas pessoas devem mais de R$ 27,1 bilhões, sendo que a média de dívida por pessoa é de R$ 6,9 mil.
Uso do cartão e falta de educação financeira
A maioria das dívidas é proveniente de bancos e cartões de crédito (26,07%). Em seguida, aparecem as financeiras (18,49%) e os serviços (14,26%).
Para a especialista em Educação Financeira da Serasa, Raffaela Fajardo, o crescimento do endividamento nacional tem causas multifatoriais, principalmente a desorganização financeira, combinada com o aumento da inflação e da taxa de juros.
“O top 1 no segmento de dívidas são os bancos e cartões de crédito. Isso reflete a busca por crédito e, depois, a dificuldade da pessoa em honrar a dívida — seja por não pagar uma fatura ou por ter vários cartões simultaneamente e acabar não conseguindo se organizar”, explica.
O setor de serviços é o terceiro com o maior número de contas em atraso. Conforme Raffaela, parte disso ocorre pelo aumento no valor das mensalidades, que não é acompanhado pela valorização salarial — e, com frequência, pelo uso do cartão de crédito em compras básicas, como as de supermercado.
“Acaba virando uma bola de neve, porque no mês seguinte eu tenho que pagar o mês passado e, às vezes, uma parte do mês corrente — e o dinheiro acaba não sobrando. Isso também envolve fatores como o aumento do aluguel, que é outra conta básica”, exemplifica.
Renegociação de dívidas
Tanto para dívidas com cartões de crédito e bancos quanto com empresas de serviços, como água e eletricidade, a Serasa realiza uma nova edição do Feirão Limpa Nome.
Em parceria com os Correios, o mutirão de negociação ocorre em todo o país até 30 de novembro. Mais de 1,6 mil empresas participam da ação, e as dívidas podem ser negociadas com até 99% de desconto pelo aplicativo e pelo site da Serasa. O consumidor que preferir pode buscar atendimento presencial gratuito nas agências dos Correios.
Para o atendimento, basta que o titular apresente um documento oficial com foto.
Plataformas da Serasa para acesso à renegociação:
- Site: www.serasalimpanome.com.br
- Aplicativo: Serasa (Google Play e App Store)
- WhatsApp: número oficial (11) 99575-2096
O endividamento
Pelotas
- Inadimplentes: 116.150
- Dívidas: 389.531
- Valor: R$ 732.174.093,00
Rio Grande
- Inadimplentes: 84.175
- Dívidas: 331.076
- Valor:R$ 562.837.815,00
