Fazer do limão uma limonada

Editorial

Fazer do limão uma limonada

Fazer do limão uma limonada
(Foto: Jô Folha)

O pelotense e diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou no Congresso que taxar as casas de apostas é uma pauta central da segurança pública. A correlação, embora possa parecer confusa ou surpreendente, faz sentido. Aumentar o financiamento da máquina pública sem impactar o bolso do cidadão comum ou das empresas é o grande quebra-cabeça de todo gestor público. Então, a proposta de financiar a segurança brasileira com o imposto sobre o consumo de algo que é praticamente descartável, mas ainda assim movimenta bilhões, seria um ganha-ganha.

Fato hoje é que as apostas são um problema em múltiplas frentes pelo Brasil. Passa pela lavagem de dinheiro, pela manipulação de resultados esportivos – não pelas casas, mas por apostadores – e pela questão de saúde pública e economia. É um vício quase generalizado para milhões de cidadãos e um dinheiro que vai muitas vezes para empresas de fora, pouco ou nada fica aqui no país. Portanto, aumentar a taxação é manter o dinheiro a serviço dos próprios brasileiros, para investir, nesse caso, em segurança, mas também em outras variadas frentes.

Ao mesmo tempo, é fundamental entender esse fenômeno das apostas como uma questão social que precisa ser enfrentada como uma dura realidade. Uma pesquisa do Senado no ano passado mostra que quase um terço dos brasileiros que apostam estão fora do mercado de trabalho e 42% deles estão endividados. Pelo menos 13% dos brasileiros com mais de 16 anos já apostaram. E você, leitor, já viu alguém ficar rico ou mudar significativamente de vida com dinheiro ganho na jogatina? Não neste século, certamente. Nessa equação, por lógica, as pessoas perdem dinheiro.

A possibilidade de proibição já passou. Não há como frear algo tão popularizado. Mas há como controlar e usar esse caminhão de dinheiro que roda pelo país a favor do Brasil e dos brasileiros. E, se o Congresso quer usar esse recurso para segurança pública, é para ficar alerta. Precisamos avançar nessa frente acima de tudo e talvez aí esteja uma ótima oportunidade.

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